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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Origem do Ecumenismo Modernista.






Em Debate é parte integrante da Revista MUNDO e MISSÃO - n.º 115

Torre de Babel - Pieter Brueghel
ecumenismo é uma promiscuidade em pecado, já que pretende agremiar numa só confissão seitas cujo próprio surgimento e a “raison d’être” (razão de ser) são desvios do caminho reto da tradição cristã original. É uma tentativa insólita de se chegar à Verdade através da aceitação simultânea de várias deturpações desta. São as próprias palavras de Jesus Cristo que nos mostram inequivocamente quão infundadas e destituídas de qualquer valor são as afirmativas sobre os benefícios espirituais para a humanidade que o ecumenismo possa trazer. São elas: “... E eu digo-te que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18). É óbvio, que esta Igreja já existe e que existe há dois milênios e que é uma só, independentemente do número e da distribuição geográfica dos fiéis por Ela congregados. É de se acreditar que o dito foi suficiente para tornar evidente a vacuidade espiritual do ecumenismo.
(V.Kurgánov, da Igreja Ortodoxa Russa)
s evangélicos são contrários ao ecumenismo porque “continuam crendo que a Reforma foi um avanço espiritual e não um equívoco. Acreditam que os esforços tendentes à unificação não levam em conta as razões reais da separação, a saber, as questões doutrinárias fundamentais. Entendem que o papado no catolicismo romano não é um ofício legítimo da Igreja. Que a maior parte do corpo doutrinário e ensino do catolicismo romano nada tem a ver com os princípios bíblicos e nem serve de progresso histórico válido na espiritualidade” (Eloy Melonio, Ecumenismo: Quais os fundamentos da proposta?, Revista Em Defesa da Fé, n.º 24).
termo ecumênico originou-se do grego oikoumene, derivado da palavra oikos: casa, lugar onde se vive, onde as pessoas têm um mínimo de bem-estar.
A expressão é utilizada em sentido religioso e representa o esforço de unidade entre as religiões cristãs, a pedido de Jesus a seu Pai:
“Para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; para que sejam um em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21). Entretanto, surgidas ao longo da história, as divergências afastaram os cristãos de um convívio comum. As mais graves aconteceram nos séculos 11 (cisma ortodoxo) e 16 (cisma protestante).
s pentecostais e os neo-pentecostais, em geral, e os batistas, têm dificuldade com o ecumenismo. Em primeiro lugar porque, segundo eles, seria uma nova estratégia da Igreja católica para reconverter os “crentes” ao catolicismo. Do outro lado, o ecumenismo impediria o proselitismo (conquista de adeptos), que é a maneira pela qual muitos grupos evangelizam, uma vez que, para eles, quem não lhes pertence não se salva.
á grupos contrários ao ecumenismo também entre os católicos (a ponta extrema é a Fraternidade São Pio X, fundada pelo bispo Lefèbvre). Tradicionalistas e conservadores receiam que o diálogo ecumênico possa enfraquecer a genuína fé católica e gerar confusão entre os fiéis.
m geral, nota-se pouco interesse pelo ecumenismo dentro da Igreja católica (em nível de sacerdotes e leigos). As iniciativas ecumênicas são muito raras, a impulsividade dos pentecostais assusta e põe os católicos em defensiva. Há – de lado a lado – muita ignorância e preconceito sobre as outras confissões cristãs.

Irmãos e irmãs do Caribe, da América Central e do Sul em preparação para a 9.ª Assembléia Geral d0 CMI

“Todos os cristãos se professam discípulos do Senhor, mas têm pareceres diversos e caminham por rumos diferentes, como se o próprio Cristo estivesse dividido. Esta divisão, porém, contradiz abertamente a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do evangelho a toda criatura”
(Concílio Vaticano II – Unitatis redintegratio, 1)
uando é que nós, cristãos, teremos a lucidez e a coragem de reconhecer que nossa falta de unidade é uma causa fundamental de ateísmo?”
(Giuseppe M. Zanghí, filósofo e teólogo)
iante dos enormes problemas que o mundo enfrenta, diante da responsabilidade que temos de levar à frente o projeto de Deus para que a humanidade se realize plenamente e seja feliz, os cristãos retardam o avanço da história. Diante das tragédias da humanidade, opostas ao plano de Deus, podem os cristãos continuar se dando ao luxo atroz de trabalharem desunidos?”
(Enrique Cambón, teólogo)

s cristãos, pelo menos eles, renunciem a suas divisões, a suas posições, que se reconciliem, já que têm como ponto de referência um Deus que é Amor!”
(Roger Schutz, fundador da Comunidade de Taizé)


“Estou convencida que Deus não abandonou nenhuma das Igrejas durante estes séculos de divisão. Portanto, amanhã, com a reunificação, cada Igreja unida às outras, refletindo justamente a unidade de Deus, não só manterá a característica particular que foi desenvolvendo ao longo dos séculos, mas colocando-se em comunhão com todas as outras Igrejas, completar-se-á, fortalecer-se-á. Por isso, cada Igreja tornar-se-á, de certo modo, uma ‘especialista’ daquele determinado aspecto de verdade que ela mesma, ao longo dos séculos, foi aprofundando.”
(Chiara Lubich, fundadora do Movimento Focolare)

uvistes dez mil histórias sobre nós, que somos chamados protestantes. Se credes em apenas um milésimo destas histórias, deveis pensar muito mal de nós. (...) Daí se destrói completamente o amor fraternal; e cada grupo, encarando o outro como monstro, dá lugar à ira, ao ódio, à maledicência, a todo sentimento não-amistoso que, frequentemente, tem resultado em barbaridades desumanas, quase desconhecidas entre os pagãos.”
(John Wesley, fundador da Igreja Metodista)
nova atitude mental que o ecumenismo exige (...) leva cada Igreja a colocar Jesus Cristo no centro de seu sistema referencial, e não ela mesma, convencendo-se de que, se existe um retorno a ser feito, este cabe a cada uma delas de modo idêntico.
Este retorno é uma subida árdua do rio da história de cada Igreja, carregado de conquistas espirituais, mas também poluído pelas infidelidades de seus filhos, para chegar à nascente, onde encontramos a água pura da Palavra de Deus vivida com radicalidade e generosidade, e que nos revela o contorno preciso da Igreja de Jesus.”
(Sandra Ferreira Ribeiro, teóloga)
ecumenismo é um processo lento, às vezes desanimador, quando caímos na tentação de sentir e não escutar, de falar sem convicção, porque não é sempre fácil abandonar o conforto. Mas se o ecumenismo é uma estrada lenta e íngreme, como toda via de penitência, é também um caminho que, apesar de suas dificuldades, apresenta amplos espaços de alegria, paradas refrescantes, e permite também respirar a plenos pulmões o ar da comunhão.”
(Papa Bento XVI, durante a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, janeiro de 2007)
Igreja e igrejas

Encontro de Água - Declaração Ecumênica sobre a água como Direito Humano e bem público

mbora separadas, as Igrejas orientais têm verdadeiros sacramentos e, sobretudo, em virtude da sucessão apostólica, o Sacerdócio e a Eucaristia. Assim, são consideradas pela Igreja de Roma como “Igrejas particulares ou locais”. As comunidades cristãs, nascidas da Reforma do século 16, não têm a sucessão apostólica no sacramento da Ordem.
Segundo a doutrina católica, elas não conservam a genuína e íntegra substância do Mistério eucarístico e, portanto, não podem ser chamadas “Igrejas” em sentido próprio. Além delas, chamadas igrejas históricas, nasceram posteriormente as comunidades pentecostais e neo-pentecostais.
Concílio Vaticano II exortou “todos os fiéis a que, reconhecendo os sinais dos tempos, solicitamente participem do trabalho ecumênico” (Documento sobre o ecumenismo). Em nível central, isso se realiza através do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, criado em 1960. Existem diálogos bilaterais e multilaterais, tanto internacionais quanto em âmbito nacional.
Eis alguns diálogos intereclesiais dos quais a Igreja católica participa:
– Com as Igrejas Ortodoxas, a partir do “diálogo da caridade” iniciado na década de 1970 entre o patriarca Atenágoras e o papa Paulo VI.
– Com a Igreja Copta (uma antiga Igreja oriental). A partir de 1974, depois da declaração entre Paulo VI e o papa copta Shenouda III sobre divergências apenas de linguagem e não de doutrina.
– A Igreja católica vem mantendo diálogos constantes com as chamadas Comunidades da Reforma.
Conheça alguns documentos comuns: Com luteranos:
Declaração conjunta sobre a Doutrina de Justificação (1999).
Com a Aliança Reformada Mundial: - Para uma compreensão comum da Igreja (1990).
Com Anglicanos: Igreja como comunhão (1991).
grande teólogo reformado Oscar Cullmann afirmou:
“Devemos chegar à unidade não apesar, mas através da diversidade”.
Ele elencou os carismas essenciais de cada uma das três grandes tradições cristãs:
1.º Carismas “típicos” do protestantismo:
– a concentração sobre a Bíblia;
– a liberdade cristã, que favorece a abertura para o mundo.
2.º Carismas essenciais do catolicismo:
– a universalidade;
– a instituição (sendo um carisma, a organização protege o espírito: 1 Cor 14,33-40);
– o papado, com a condição de ser concebido como serviço petrino.
3.º Carismas próprios da Igreja ortodoxa:
– aprofundamento teológico do Espírito Santo;
– preservação das formas tradicionais da liturgia.
Iniciativas atuais (2006):

Celebração Ecumênica durante encontro da Conferência sobre História Latino-Americana
– Janeiro. Uma comissão internacional católico-reformada publicou o documento “A Igreja como Comunidade de Testemunho comum ao Reino de Deus”, em comemoração ao processo de diálogo, iniciado em 1970.
– Julho. A “Reunião de cúpula dos Chefes de Estado Religiosos”, promovida pelo Patriarca de Moscou, Alexis II, solicitou a adesão da Santa Sé.
– Novembro. O arcebispo de Canterbury e primaz da Comunhão Anglicana reza com o papa no Vaticano. Visita apostólica do papa à Turquia e encontro com Sua Santidade Bartolomeu I.
– Dezembro. O arcebispo de Atenas, Sua Beatitude Christodoulos, visita o papa no Vaticano.
1.º Renovação da Igreja, para que seja, cada vez mais, fiel ao evangelho.
2.º Conversão do coração (humildade, fraternidade, reconhecimento mútuo das faltas contra a unidade).
3.º União na oração, para impetrar a graça da unidade.
4.º Conhecimento mútuo: estudo das outras igrejas, segundo a verdade e na caridade.
5.º Formação ecumênica: o estudo da teologia e da história deve ser ministrado do ponto de vista e com sensibilidade ecumênica.
6.º Cooperação no campo social para enfrentar juntos, como cristãos, os problemas da nossa época.
CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2010 SERÁ ECUMÊNICA
Oração durante encontro ecumênico

presidente do CONIC, pastor Carlos Möller, recebeu do presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, no dia 20 de agosto, a comunicação de que a Assembléia dos Bispos aprovou, em maio, o pedido de mais uma Campanha da Fraternidade Ecumênica em 2010 (a primeira foi em 2000 e a segunda em 2005). O pastor Carlos lembrou que o CONIC comemora, neste ano, 25 anos de fundação e para celebrar a data será realizado, de 15 a 17 de setembro, o Seminário “Ecumenismo e Missão – Para que todos sejam um”.
ECUMENISMO NÃO É DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
nquanto o ecumenismo propõe a unidade entre os cristãos (católicos, protestantes, ortodoxos), o diálogo inter-religioso é um canal aberto entre cristãos e não-cristãos (judaísmo, islamismo, budismo, hinduísmo,...).
ESTRUTURAS ECUMÊNICAS

Celebração da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2005:
Dom João Braz; Pastor Luterano Renato Kühne e o
Bispo Anglicano Maurício de Andrade
• Conselho Mundial das Igrejas (CMI)
A principal organização ecumênica cristã mundial foi fundada em 1948, em Amsterdam, Holanda. Tem sede em Genebra, Suíça. Congrega mais de 340 denominações cristãs, que representam 500 milhões de fiéis, em 120 países, pelo menos.
Seu secretário geral atual é Samuel Kobia, metodista. A Igreja católica romana não participa da organização, mas mantém com ela grupos de trabalho em alguns departamentos, como a Comissão de Fé e Ordem e a Comissão de Missão e Evangelismo.
• Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC)
No Brasil, as Igrejas: - católica apostólica romana, católica ortodoxa siriana do Brasil, cristã reformada e as Igrejas protestantes históricas: - luterana, metodista, presbiteriana unida e episcopal anglicana do Brasil, pertencem ao CONIC, com sede em Brasília – DF. A entidade foi fundada em 1982. Procura aproximar as igrejas cristãs, promovendo debates e encaminhamentos práticos que levem à sua integração e à comunhão.
CURSOS SOBRE ECUMENISMO
CESEP – Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular
• Site: www.cesep.org.br • E-mail: cesep@cesep.org.br • Tel.: (11) 3105-1680
NOSSO CONVITE!
MUNDO e MISSÃO propõe aos seus leitores que se reúnam EM DEBATE nas escolas, paróquias, grupos de jovens, seminários, conventos, centros de formação... Depois, encaminhem, por favor, para nós, questionamentos, reflexões, opiniões, dúvidas, para que possamos compartilhar com os outros leitores.
Participem!
Enviem as conclusões (pessoais ou de grupo) para:
Editora MUNDO e MISSÃO
Rua Joaquim Távora n.º 686 – Vila Mariana
São Paulo – SP – 04015-011
E-mail: mundomissao@terra.com.br
Apresentamos abaixo os links de vários artigos publicados sobre o tema ECUMENISMO: é possível a unidade na diversidade? com objetivo de favorecer a você uma reflexão ampla sobre ao assunto: