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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Aparições de almas do purgatório aos Santos

"Ouvi, meu bom Deus, o deprecatório
em favor das almas do purgatório"

Santa Margarida Maria Alacoque (1647 — 1690) escreveu na sua autobiografia (edição de 1920, pg 98): “Estava diante do Santíssimo Sacramento e, de repente, apareceu à minha frente uma pessoa toda em fogo. O seu estado lamentável fez-me compre­ender claramente que se encontrava no purgatório e verti abundantes lágrimas. Disse-me que era a alma do monge beneditino que tinha ouvido a minha con­fissão e me tinha permitido ir comungar. Por esse motivo Deus tinha-lhe concedido o favor de poder dirigir-se-me, para que lhe adoçasse a pena. Pediu­-me que oferecesse por ele, durante três meses todas as minhas obras e o meu sofrimento. No fim de três meses, vi-o inundado de alegria e de esplendor: ia gozar a felicidade eterna. Agrade­ceu-me dizendo que velaria por mim junto de Deus”. 
S. João Bosco (1815 — 1888) perdeu em 1839 o seu mais íntimo amigo de infância, Luigi Comollo. “Os dois amigos tinha feito a recíproca promessa, um pouco temerária, de que o primeiro que morresse viria descansar o sobrevivente sobre a sua sorte no outro mundo. Na noite seguinte ao enterro de Luigi, sentiu-se no dormitório ocupado por vinte seminaristas, um estrondo impressionante. Brilhavam relâmpagos de fogo e depois extinguiam-se. A casa tremia. Uma voz gritou: “Estou salvo!” Os seminaristas ficaram apavorados e nenhum ousou mexer-se até despontar a aurora. Uma história incrivel! Mas houve testemu­nhas que o viram pessoalmente” von Matt, Don Bos­co, p.p. 64-65 NZN—Verlag, Zurique. 
Santa Gertrudes, abadessa de Hefia, autora da célebre obra “O arauto do amor divino”, falecida por volta de 1302, viu um dia a alma de um religioso defunto que lhe fez compreender, por ges­tos, que continuava afastada do seu divino Esposo. Gertrudes perguntou-lhe a causa. Respondeu esta alma: “É que não estou ainda perfeitamente purifi­cada das manchas deixadas pelos meus pecados. Se Ele me concedesse que entrasse livremente no céu, neste estado, eu não consentiria porque, por muito brilhante que pareça aos teus olhos, sei que ainda não sou uma esposa digna do meu Mestre”. 
Santa Cristina da Bélgica, pastora de Saint­ Trond, na diocese de Liege, foi chamada também Cristina a Admirável, tantas coisas admiráveis se contam dela, coisas admiráveis que aconteceram durante a sua vida e que as testemunhas atestam. Numa visão foi-lhe concedido contemplar o Céu e o Purgatório. Ela ouviu uma voz dizer-lhe: “Cristi­na, tu estás na felicidade do Céu. Dou-te liberdade de escolher: ou morar desde hoje entre os eleitos, ou voltar alguns anos à terra para, por boas obras, ajudares as almas do Purgatório. Se escolheres a pri­meira alternativa ficas em segurança e não tens mais nada a temer; no outro caso voltas à terra para sofrer um verdadeiro martírio a fim de ajudares os infelizes e embelezares a tua coroa...” Cristina respondeu: “Senhor, deixa-me voltar e sofrer pelos defuntos; não tenho medo de nenhuma dor, de nenhuma amargura”. E ela realizou obras ex­piatórias extraordinárias pelas almas do Purgatório. Muitas de entre elas, entre outras a do conde Luís de Léon, apareceram-lhe em reconhecimento por tê-las libertado do purgatório. 
 
Santa Perpétua de Cartago. No ano 202, Santa Perpétua foi atirada para a prisão em Cartago. Re­zava no cárcere com quatro outros cristãos quando ouviu uma voz pronunciar o nome de Dinocrato, seu irmão defunto, em quem não tinha voltado a pensar depois da sua morte. O rapaz tinha falecido com a idade de sete anos por causa de um tumor canceroso da face. “Chorei, conta ela, com a recordação da sua morte e compreendi que devia rezar por ele. Foi o que fiz. Na noite seguinte, tive esta visão: na minha prisão vi Dinocrato sair de um local obscuro onde se encontravam também outras pessoas. Estava afo­gueado, sem fôlego, e coberto de poeira. O seu rosto era macilento, poeirento e ainda sangrava da chaga que lhe tinha causado a morte: uma horrível chaga cancerosa que lhe roera as bochechas a tal ponto que o seu cadáver era uma visão medonha... Havia entre nós dois uma grande distância que me impedia de ir ter com ele. Perto dele estava um tanque cheio de água, mas o bordo era demasiado alto para que ele conseguisse beber, mesmo pondo-se em bicos de pés. Emocionada por ele não poder beber, acordei e com­preendi que o meu irmão ainda sofria; mas esperava poder dar-lhe alívio. Rezei por ele o tempo todo, até nos levarem para a prisão do campo, porque estáva­mos destinados aos jogos que deviam ser dados em honra do imperador Gete. Continuei a rezar e a su­plicar noite e dia. No dia em que fomos vergastados, tive uma outra visão. O lugar escuro onde antes tinha visto Dinocrato, vi-o iluminado. O rapazinho estava vestido com um belo fato, o corpo limpo e lavado de fresco. A chaga do rosto estava curada e só se via a cicatriz. O rebordo do tanque estava tão baixo que ele podia facilmente chegar à água. No bordo havia uma taça cheia de água. Quando saciou a sede, cor­reu a jogar longe do tanque, como fazem as crianças. Quanto a mim, acordei cheia de alegria: compreendi que ele estava livre da sua pena.