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segunda-feira, 1 de maio de 2017

Comentários Eleison – por Dom Williamson Número DXI (511) – (26 de abril de 2017):

 
DEUS CONVOCA


Deus é o Mestre da estrutura cósmica.
Os homens contorcem-se, o Céu enche-se da mesma forma.


O padre Jean-Michel Gleize, professor de Teologia no Seminário de Écône da Fraternidade São Pio X, escreveu dois artigos sobre problemas candentes de hoje que lançam uma interessante luz sobre as suas soluções. Em primeiro lugar, pode o Papa cair em heresia formal? Resposta: talvez, porque os Papas nem sempre foram tidos como isentos de erros, como tem sido sustentado nos últimos séculos. Em segundo lugar, o documento papal Amoris Laetitia mostra que o Papa Francisco caiu em heresia formal? Resposta: estritamente falando, não, mas, na verdade, pode-se afirmá-lo, porque o neomodernismo mina a doutrina enquanto finge sustentá-la. Esta segunda pergunta terá de esperar por outro número destes “Comentários”, pois se o Pe. Gleize não quis ser apanhado entre o sedevacantismo e o liberalismo, ele teve de abordar a primeira questão antes.

No primeiro e mais curto artigo, ele diz que a partir da “Reforma” Protestante, os teólogos católicos em geral, notadamente S. Roberto Belarmino, sustentaram que o Papa não pode cair na negação consciente e pertinaz do dogma da Igreja, isto é, em heresia formal. Eles citam Nosso Senhor dizendo a Pedro para confirmar seus irmãos na Fé (Lc XXII, 32), o que pressupõe que Pedro não pode perdê-la. E eles argumentam que nunca na História da Igreja um Papa caiu em heresia formal. Por outro lado, antes da revolução protestante, diz o Pe. Gleize, os teólogos católicos do século XII ao XVI geralmente julgaram que um Papa pode cair em heresia formal, e esta opinião tem continuado, embora com menos frequência, até os tempos modernos.

Pe. Gleize conclui que especialmente em vista dos Papas conciliares, os teólogos posteriores não provaram seu argumento. Quanto a Pedro sempre ser protegido por Nosso Senhor da heresia formal, a fé é um ato da mente impulsionado pelo livre-arbítrio, e Deus raramente interfere no livre-arbítrio. E quanto aos Papas na História, Honório, por exemplo, foi anatematizado por seus sucessores por ter favorecido a heresia monotelita. Esta conclusão é certamente discutível e contestada, mas se olharmos a questão da perspectiva histórica das Sete Idades da Igreja, faz sentido.

Por três Idades (Apóstolos 33-70, Mártires 70-312, e Doutores 312 a cerca de 500 d. C.), a Igreja rumou para a Quarta Idade, o triunfo de 1000 anos da Cristandade (cerca de 500 a 1517). Mas, no final da Idade Média o Demônio e o pecado original estavam minando a Cristandade, e os homens lançaram-se para a Quinta Idade da Apostasia (1517-?), na qual os cristãos que se degeneravam criaram uma forma de hipocrisia após outra (Protestantismo, Liberalismo, Comunismo, dentre outras) para homenagear a virtude e a civilização cristãs, mesmo quando se “libertam” a si mesmos para o último vício, como, por exemplo, o “casamento” homossexual. Ora, Deus poderia ter feito a Idade Média continuar para sempre, mas teria de interferir no livre-arbítrio. Do modo como realmente aconteceu, Ele deu à Sua Igreja uma colheita especial de santos para liderar a Contrarreforma, e durante o meio milênio seguinte obteve, para variar a população de Seu Céu, uma colheita de santos pós-medievais. Mas para contrariar a corrupção do homem pós-medieval, Deus escolheu reforçar a autoridade em Sua Igreja, para que as almas que desejassem a salvação, mas não mais suficientemente pela virtude interior, pudessem pelo menos ser guiadas pela autoridade exterior ao Céu. Então, é claro, o Demônio preparou-se para trabalhar especialmente nos homens da Igreja em altas posições de autoridade, e depois de quase meio milênio é como se o Senhor Deus dissesse: “Se vocês não querem Minha Igreja, então tenham sua própria Nova Igreja”, e isso foi o Vaticano II.

Portanto, agora a autoridade da Igreja está destruída além de toda possibilidade de reparação humana, e Ele usará outros meios para arrancar do nosso mundo espiritualmente esgotado outra colheita de almas. Um Castigo assegurará o brilho inicial da Igreja da Sexta Idade, mas o Demônio e o pecado original terão uma natureza humana em que trabalhar, que foi enfraquecida profundamente pelo liberalismo da Quinta Idade, de modo que não deve demorar muito para introduzir a Sétima Idade do Anticristo. Mas esta será uma Idade de alguns dos maiores católicos de toda a História da Igreja – uma colheita de santos especialmente grandes.

Kyrie eleison.
Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dia Santo Rosário.