Páginas

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Comentários Eleison – por Dom Williamson Número DXVII (517) (10 de junho de 2017)

 
 
Rótulos enganam. A verdade é dita pelos frutos.
Francisco arranca as próprias raízes da Igreja.

Vamos assumir, então, com o primeiro artigo aqui do Padre Gleize publicado há seis semanas (EC 511), que não é certo que um Papa não possa cair em heresia. Para salvar almas desde Lutero até os dias de hoje, Deus pode ter dado graças especiais às autoridades de Sua Igreja da decadente Quinta Idade para resistir a essa decadência, mas essa Idade chegou praticamente ao fim com o Vaticano II. Os Papas conciliares têm sido a morte da Igreja. Mas são eles hereges formais? O interesse no segundo artigo do padre Gleize está onde ele destaca como esses Papas conseguiram ir matando a Igreja subvertendo a doutrina católica enquanto parecem permanecer católicos. Qual é a técnica deles? O Padre Gleize examina o caso dos cinco "dubia", ou pontos duvidosos, levantados pelos quatro Cardeais contra o texto do Papa Francisco Amoris Laetitia (AL): esses pontos fazem dele um negador consciente e voluntário da doutrina definida da Igreja? Aparentemente não, diz o Padre Gleize, mas, com efeito, sim.

Aparentemente não, porque em cada um dos cinco pontos o Papa Francisco não nega diretamente a doutrina da Igreja, antes ele a deixa ambígua, ou a deixa de fora. O primeiro dos cinco pontos é um exemplo de ambiguidade: o Papa não diz: "Divorciados podem receber Comunhão", mas "em certos casos os divorciados podem receber Comunhão". Aqui o "em certos casos" está aberto a uma interpretação ampla ou estreita. É ambíguo, e essa ambiguidade é capaz de minar a Lei da Igreja, porque há muitos divorciados e muitos sacerdotes e prelados que ficarão felizes em adotar a interpretação ampla.

Nos quatro pontos restantes, o Papa mina a doutrina católica não por negação, mas por omissão. Por exemplo (quarto ponto), ele não diz: "Não existe tal coisa como um ato objetivamente pecaminoso", porque a Igreja sempre designou uma série de atos objetivamente pecaminosos, começando pelos Dez Mandamentos de Deus. Em vez disso, o Papa diz: "A pecaminosidade objetiva não significa necessariamente culpabilidade subjetiva". Ora, é claro que a Igreja nunca negou que possa haver circunstâncias para este ou aquele ato que tiram sua culpa, mas colocar a desculpa subjetiva em primeiro plano é colocar o pecado objetivo em segundo plano. Os pecadores vão adorar! No entanto, a Igreja Católica sempre classificou a natureza objetiva e a correção ou incorreção moral dos atos acima da culpabilidade subjetiva desta ou daquela pessoa que comete o ato. "A exceção faz a regra", diz um provérbio, e outro, "Os casos difíceis fazem uma lei ruim". Pelo contrário, o subjetivismo do Papa Francisco mina a lei da Igreja (e o senso comum) com casos difíceis, mesmo quando ele evita contrariar diretamente a lei da Igreja. O Padre Gleize conclui que as cinco dúvidas dos quatro cardeais estão totalmente justificadas.

No entanto, o Papa está cobrindo seus rastros ao não fazer declarações dogmáticas ou antidogmáticas. Ele mesmo escreve na AL que seu propósito é "colecionar contribuições dos dois Sínodos sobre a família, juntamente com outras considerações capazes de orientar o pensamento, o diálogo ou a prática pastoral". Este manifestamente não é um propósito dogmático. Por conseguinte, é difícil colocar no Papa Francisco o rótulo de "herege formal". Mas, assim como o Vaticano II manifestou ser apenas um Concílio "pastoral", isto é, não doutrinal, e, no entanto, fez voar pelos ares a doutrina católica e a Igreja , assim o Papa Francisco está na AL não manifestando que ele está ensinando doutrina, e ainda assim ele está mandando pelos ares a moral católica e a família. É o clássico meio comunista e neomodernista de subversão, em que se usa aspectos práticos para minar a verdade, não em princípio, mas na prática. Comparem Roma com Dom Fellay: "Obtenham reconhecimento prático primeiro, depois falamos sobre doutrina". Comparem Dom Fellay com a FSSPX: "Não estamos mudando a doutrina", enquanto ele mesmo praticamente não exala mais uma palavra de crítica sobre a destruição da Igreja pelo Papa Francisco. Teria Dom Lefebvre mantido o silêncio? Fazer a pergunta é respondê-la.

O Padre Gleize conclui que o Papa Francisco pode não ser um "herege formal", mas ele está certamente "favorecendo a heresia". "O herege formal" deveria ser o pior dos dois rótulos, mas não neste fim incorreto da Quinta Idade da Igreja, quando a hipocrisia dos inimigos da Igreja é mais refinada que nunca. Que o céu nos ajude mais do que nunca! Rezem os Quinze Mistérios do Rosário todos os dias!

Kyrie eleison.
 
 Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dia Santo Rosário