
Também a fé que lhe ardia no íntimo se tornara extraordinária. Ao ver os cristãos perseguidos pelo juiz Prisco que obedecia às leis persecutórias ditadas por Diocleciano, oferecendo-se à morte, entregando-se como vítima de amor, encorajando assim os outros cristãos metidos nas masmorras.
Com o assistir à morte dos irmãos na fé, estimulava-se cada vez mais, ao contrário do que pretendia o verdugo, e perguntava: - É por eu ser nobre que preferes os desconhecidos e estrangeiros e lhes dás a glória prometida antes de mim, chegando deste modo primeiro junto de Cristo?
Eu julgava – respondeu o juiz Prisco – que havias tornado ao verdadeiro juízo e que vinhas, lembrada da nobreza do teu sangue, sacrificar aos deuses.
Eufêmia, de tal maneira contestou o juiz que este a mandou prender e sepultar num fétido calabouço, onde foi esbofeteada e mal tratada.
Tida por bruxa e possuidora de artes mágicas, pois os algozes ficavam paralisados quando a queriam violar e apresentar a outros homens, as máquinas de tortura de maneira cruel, onde era usada uma roda de moinho, sempre se manteve fiel à sua fé e manteve intacta a sua decisão de nunca trair a Deus, ao chegarem-nas junto dela e as feras a quem era deitada se convertiam em mansos cordeiros, levaram-na ao circo, entregaram-na aos leões, que acabaram por matá-la, mas não danificaram o seu corpo ou a comeram, deitando-se a seu lado como que a protegê-la de mais sofrimentos. Era o dia 16 de Setembro do ano 304 AD, tinha ela somente 15 anos de idade.
Santo Ambrósio: “A Santa e gloriosa Eufêmia conservou a virgindade e mereceu ser cingida com a coroa do martírio. Pelas suas preces o inimigo foi vencido, o adversário Prisco eliminado, a virgem tirada do fogo da fornalha sã e salva, as pedras duras transformadas em pó, as feras amansaram-se e submeteram-se-lhe, todos os suplícios foram superados com a sua oração; por fim, trespassada pela ponta da espada, deixou a prisão da carne e jubilosa, juntou-se ao coro celeste”.
Os cristãos ficaram com o seu corpo, que foi sepultado na Calcedônia, onde construíram uma igreja. Em 620, quando a cidade foi invadida e conquistada pelos Persas, transladaram o seu corpo, com medo de ser destruído, para Constantinopla, e depositaram-no numa Igreja que o Imperador Constantino mandara construir em honra da santa. Com a entrada no poder do Imperador Nicefor, que era contra símbolos religiosos, os cristãos ficaram com medo de que ele removesse o corpo de Santa Eufêmia. A tradição conta que, numa noite de violenta tempestade, o sarcófago de mármore desapareceu da cidade. Possivelmente, pescadores cristãos carregaram-no nos seus barcos, com a esperança de transportá-la para um lugar seguro. Em 13 de Julho do ano 800, as pessoas de Rovinj viram um sarcófago chegar à costa daquele local, ondulando gentilmente nas águas. Os sinos repicaram, as pessoas que se juntaram na praia tentaram retirá-lo da água, mas em vão, todos os esforços eram inúteis, até que apareceu uma criança com dois fracos bezerros e que, para espanto de todos, conseguiu remover o pesado sarcófago da água e o levou até a igreja local.
Quando abriram o sarcófago, viram o corpo de uma moça muito bonita, vestida com um luxuoso vestido e junto dela, um pergaminho que dizia HOC EST CORPUS EUFEMIAE SANCTAE (ESTE É O CORPO DE SANTA EUFÊMIA, virgem mártir da Calcedônia, filha de um nobre senador, nascida para o céu em Setembro 16, ano 304 A.D.). O seu corpo continua preservado numa igreja na cidade de Rovinj, na atual Croácia, onde pode ser visitado. Quer na pintura quer na estatuária santa Eufémia é representada da seguinte maneira: numa das suas mãos normalmente está uma palma, simbolizando os seu martírio ou um lírio virginal simbolizando a sua virgindade, podendo também figurar uma espada gravada no peito simbolizando a sua decapitação, algumas vezes é também representada com uma cruz, sozinha ou junto com a palma. Na outra mão é representado um livro, que simboliza a defesa da ortodoxia, uma vez que no IV concilio de Calcedónia no ano de 451, realizado junto da sua sepultura, foram colocadas dentro do seu túmulo a doutrina do monofisismo herética e a doutrina ortodoxa da Igreja. Ao fim de 3 dias de oração foi encontrado o texto com a profissão de fé ortodoxa na mão direita de Santa Eufémia, o outro texto que sustentava a heresia monofisita estava aos seus pés. Após este milagre foi afirmada a dupla natureza de Cristo, e os que permaneceram na heresia monofisita foram excomungados.
Aos pés de santa Eufémia é representado um leão ou um urso, o que constitui um dos seus atributos específicos. A presença do leão indica que aquela é mártir de Calcedónia, permitindo assim distingui-la das outras santas Eufémias. Na paróquia de Cós, concelho de Alcobaça, está uma representação única de santa Eufémia, em que é representado um lagarto ou crocodilo a engolir-lhe um braço.
A roda dentada, instrumento utilizado num dos seus tormentos é também muitas vezes representada, o que pode levar a uma confusão com Santa Catarina de Alexandria que também usa a mesma representação.
Em algumas representações iconográficas, santa Eufémia é também apresentada com uma maquete na mão da cidade de Rovinj, cidade onde está sepultado o seu corpo.
Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário