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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Comentários Eleison – por Dom Williamson Número DCXCVI (696) – (14 de novembro de 2020)

 

MADIRAN – A HERESIA


Nenhuma tormenta no mar pode afundar uma rolha;

A heresia não afundará a expressão tradicional da Verdade.

Em seu livro “A Heresia do Século XX”, Jean Madiran (1920–2013) apresenta a gravidade da heresia (Prólogo), sua filosofia subjacente (Parte I) e os Bispos responsáveis ​​por ela (II); nas Partes III, IV e V, ele chega à heresia em si, que analisa de acordo com suas Sete Proposições. Apresenta as duas primeiras destas, por sua importância, na Parte III; as seis primeiras, de modo um pouco mais detalhado, na Parte IV; e exclusivamente a sétima, também pela enorme importância que tem para ele, na Parte V. A Parte III, tema dos "Comentários" desta semana, subdivide-se em seis capítulos.

No primeiro capítulo, Madiran declara que na véspera do Vaticano II (1962-1965) o ambiente religioso já era em geral pestilento, mas o então Bispo da cidade de Metz, no leste da França, Dom Schmitt, pôs toda essa pestilência em evidênciaAs duas primeiras das Sete Proposições resumem qual era verdadeiramente a nova religião que ele apoiava com toda sua autoridade episcopal. A primeira proposição declara que o mundo em mudança de hoje impõe uma mudança no próprio conceito de salvação trazido por Jesus Cristo. E a segunda declara que a ideia da Igreja sobre o plano de Deus não era suficientemente evangélica. Em suma, (P1) a Igreja deve promover a “socialização”, diz o Bispo de Metz, porque (P2) a velha Igreja não era suficientemente coletiva, mas tão simplesmente pessoal, na prática do Evangelho. Mas, diz Madiran, o que o Bispo estava promovendo era, na verdade, o comunismo.

Pois, com efeito, a “socialização”, argumenta Madiran no segundo capítulo, baseia-se em uma visão marxista da história, materialista e determinista, que mostra que o Bispo de Metz perdeu a fé cristã; pois como os fins espirituais do Cristianismo podem coincidir com os fins materialistas do comunismo? O comunismo é um sistema social que deve ser rejeitado por razões religiosas, porque como sistema social pretende substituir o sistema social da Igreja, e com ele o Cristianismo.

No terceiro capítulo, Madiran rejeita a afirmação de Dom Schmitt de que os homens de hoje são os que melhor entendem a fraternidade evangélica (cf. a P2 acima). Uma tal desvalorização de todas as obras e realizações sociais da Igreja pré-conciliar é ridícula, e, para os católicos, diz Madiran, é um narcisismo indigno.

Assim, em 1967, diz ele no quarto capítulo, torna-se claro para o mundo que Dom Schmitt estava promovendo nada menos que uma nova religião, ou uma heresia, vandalizando séculos e séculos de tradição católica. Torna-se claro que os Bispos franceses são vândalos sem inteligência nem caráter. Doravante cabe aos leigos defender o Catecismo, ou seja, os próprios fundamentos da Fé!

No quinto capítulo, contra o manter-se afinado com os tempos (P1), Madiran defende o Primeiro Mandamento, porque é o Deus imutável, e não o mundo em mudança, que deve ocupar o primeiro lugar em nossos corações e mentes. Ademais, os tempos jamais estarão com a Igreja, porque a Igreja está com Jesus Cristo. Somente os católicos mundanos são admirados pelo mundo. E contra a alegação de a Igreja não praticar suficientemente o Evangelho (P2), Madiran diz que os Santos nunca inventaram nada para serem “suficientemente evangélicos”, pelo contrário, sempre se esforçaram para serem o mais fiéis possível à tradição para porem o Evangelho em prática.

Concluindo, no sexto capítulo Madiran nega que haja qualquer verdade que se possa salvar das Proposições 1 e 2, e declara que a nova religião de Dom Schmitt deseja que a Igreja ganhe o mundo inteiro ao preço de sua própria alma. A nova religião não tem autoridade verdadeira nem obediência verdadeira, e Madiran tem uma visão profética da Tradição Católica que sobrevive ao Vaticano II, porque ela faz com que os homens livres se ajoelhem nobremente diante de seu Deus de acordo com uma autoridade real e uma obediência real. Esses católicos nunca seguirão a falsa religião de pobres Bispos como o Bispo de Metz. Ele só precisa esperar para constatá-lo por si mesmo!

Kyrie eleison.


Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo.