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terça-feira, 14 de abril de 2015

Comentários Eleison: Enfermidade imaginária

Comentários Eleison - por Dom Williamson
CDIII (403) - (4 de abril de 2015): 

ENFERMIDADE IMAGINÁRIA
Parece que os Papas conciliares Nosso Senhor abandonou?
Não se a sua perda integral da fé Ele evitou.


            A iniqüidade dos verdadeiros Papas, que estão constantemente a destruir tudo o que é católico, é tão misteriosa que há quatro semanas nestes “Comentários” nós vimos Dom Lefebvre a considerar seriamente se a Sé de Roma estaria vacante. Ele nunca pretendeu, como fazem os liberais, que a destruição não seria de fato destruição, mas ao mesmo tempo o senso que tinha sobre a Igreja era forte o bastante para que viesse a adotar a solução sedevacantista. Então, ao menos em agosto de 1976, o problema lhe pareceu “teologicamente insolúvel”. Estes “Comentários” sugeriram que poderia haver outra linha de solução que pessoas com a mente tão sã como a do Arcebispo dificilmente chegariam a imaginar. Mas vamos tentar imaginá-la.  

            A fim de ridicularizar esta solução, um sedevacantista inveterado apelidou-a certa vez de “mentevacantismo”; mas este rótulo lhe serve. Ela não implica dizer que a Sé de Roma está vacante, mas que as mentes dos Papas estão vacantes, ou, melhor dizendo, suas mentes se desfizeram do senso de realidade, suas mentes estão vazias de realidade. Especialmente desde a Reforma Protestante, os homens têm cada vez mais se liberado de Deus. Para fazê-lo, eles devem liberar suas mentes da realidade que os circunda, porque toda a realidade vem de Deus e aponta de volta para Ele. Aqui está a ilusão liberal, a derradeira liberação, conhecida também como “podridão mental”, “doença mental” ou “mentevacantismo”, porque a mente humana foi projetada por Deus para explorar a realidade, e não a fantasia ou a ilusão.

            Pois bem, de 1517 a 1958 os Papas católicos resistiram e repeliram constantemente a podridão mental que engolia o resto do mundo que já marchava lentamente rumo ao fim; mas um sem número de católicos: leigos, sacerdotes, bispos e finalmente cardeais, foram sendo progressivamente infectados com a ilusão liberal, vindo a se convencer de que ela criaria uma admirável Igreja nova para o Admirável Mundo Novo. Assim, no conclave papal de 1958, por exemplo, ainda que o Cardeal Siri tenha sido validamente eleito, os liberais tinham bastante poder para forçar a falsa eleição de João XXIII sobre o Conclave, e então, por convalidação, sobre a Igreja Universal.
           
            Mas o que é um liberal? Ele é um sonhador, a viver não no mundo real, mas em um País das Maravilhas fabricado pelo homem. Contudo, quanto mais e mais as mentes humanas se desligam da realidade e se lançam no sonho, menos e menos oportunidades ele tem de realizar seu propósito, porque mais e mais o mundo todo ao seu redor está sendo substituído pelo País das Maravilhas. Isto significa que nos tempos modernos é cada vez mais fácil para um homem – e todo Papa continua sendo homem – estar objetivamente no País das Maravilhas e, no entanto, estar subjetivamente convencido de que está na realidade. Eis a doença mental observada em primeira mão por um sacerdote da FSSPX em todos os quatro “teólogos” romanos que tomaram parte nas discussões entre Roma e a FSSPX entre 2009 e 2011 (reparem nas aspas para os teólogos: no País das Maravilhas tudo é uma imitação irreal do real, então, sem nenhum sinal como as aspas, nós facilmente tomamos a imitação pela realidade).           

            Segue-se que os Papas conciliares estão, ao menos em parte, “sinceramente” equivocados. Se essa “sinceridade” é internamente válida, só Deus pode julgar. Mas externamente ela é uma realidade objetiva, mais e mais presente à nossa volta em nosso dia a dia. Portanto, os Papas conciliares não são vilões inteiramente conscientes, porque em suas mentes enfermas eles estão servindo à verdadeira Igreja ao tornar irreconhecível a antiga Igreja pelo processo de transformação em País das Maravilhas. Agora, suas intenções subjetivamente boas têm objetivamente pavimentado o caminho do Inferno para a verdadeira Igreja, mas não se pode dizer que essas boas intenções mostram que a oração do Pai Nosso tem segurado sua fé para que não falhe completamente (cf. Lc 22, 32)? Mesmo Paulo VI condenou a contracepção, emitiu um “Credo” relativamente bom, chorou pela perda das vocações, e falou da fumaça de Satanás entrando na Igreja depois do Vaticano II. Pode então alguém não dizer que mesmo com Paulo VI Nosso Senhor manteve sua promessa de cuidar de Pedro?


Kyrie eleison.