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domingo, 6 de março de 2016

ENTREVISTA EXCLUSIVA A DOM TOMÁS DE AQUINO OSB

 
PORTUGUÊS
1. Reverendo Padre: ¿por qué se necesita otro Obispo de la Resistencia? ¿Subsiste un estado de necesidad en la Iglesia? ¿No le basta a la Iglesia con los Obispos tradicionalistas de la FSSPX, cono afirma la misma Fraternidad?

A Igreja necessita de bispos, pois assim quis Nosso Senhor. Logo, a Tradição necessita de bispos. O trabalho que faz Dom Williamson desde 1988 é enorme. A ajuda que traz Dom Faure é indispensável e um terceiro bispo não é demais. A Tradição chegou a contar com sete bispos quando Dom Lazo, das Filipinas, passou para a Tradição e antes de Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer falecerem. A Resistência não é outra coisa senão a Tradição que continua.
2. Algunos dicen que su consagración constituirá un acto cismático. ¿Qué nos puede decir al respecto?

Assim como as sagrações de 1988 não constituíram um ato cismático, da mesma forma esta sagração também não o constituirá. A razão que motivou as primeiras é a mesma que motivou as outras, ou seja, o fato de Roma não querer voltar à Tradição.
Evidentemente tanto esta nova sagração como a de Dom Faure podem ser criticadas, mas para quem considera atentamente as razões, trata-se de sagrações motivadas pelo mesmo motivo que as de 1988: o fato da cátedra de São Pedro estar ocupada por inimigos de Nosso Senhor. É um fato doloroso, mas é um fato. Negá-lo é fazer prova de irrealismo, acusação feita por Dom Fellay a seus três irmãos no episcopado: Dom Williamson, Dom Tissier e Dom de Galarreta.
Esta nova sagração não tem senão os motivos que fizeram agir Dom Lefebvre, nem mais nem menos. A única diferença está nas circunstâncias especiais em relação às autoridades da Fraternidade, mas em relação à Roma e à crise as razões são idênticas em todos os sentidos.
3. Padre: el año pasado, con motivo de la consagración de Mons. Faure, la FSSPX dijo que la Resistencia es sedevacantista, y que eso se demuestra al consagrar Obispos sin permiso de las autoridades romanas. ¿Su respuesta a esta otra acusación?

Da mesma forma que Dom Lefebvre não era sedevacantista, assim a Resistência não é sedevacantista, embora haja no seu seio, como aliás sempre houve na Fraternidade São Pio X, simpatizantes desta tese.
4. Padre: ¿cuál es su posición ante el sedevacantismo?

Penso que a posição de Dom Lefebvre a esse respeito é a mais sensata e a mais prudente. O Papa não pode usar de sua autoridade para destruir a Igreja. Logo, nós não lhe obedecemos nesta obra. Nós nos recusamos a ter parte na destruição da Igreja. Quanto a decidir se o Papa perdeu seu pontificado por causa disto, é uma questão disputada. Não temos as premissas para tirar uma conclusão que exclua todas as dúvidas. Ora, na dúvida, é melhor não afirmar a sede está vacante e considerá-lo como Papa.
5. El año pasado preguntamos a Mons. Faure que haría si fuera invitado al Vaticano por el Papa Francisco. Ahora le hacemos a Usted la misma pregunta. ¿Iría? ¿A decir qué a Francisco?

Ir a Roma? Só se fosse para perguntar se as autoridades romanas aceitam Quanta Cura, Syllabus, Pascendi, etc., mas creio que por hora a resposta já foi dada e ela é negativa.
6. El profesor Carlos Nougué ha publicado un breve artículo acerca de la su vida, en el que menciona el incidente de las presiones que Usted recibió por parte de las autoridades de la FSSPX por negarse a cantar el Te Deum en celebración del motu proprio Summorum Puntificum (julio de 2007). ¿Nos puede contar algo más sobre ese episodio y acerca de otros en los que Usted haya sufrido presiones por parte de los jefes de la FSSPX?

O que se passou em Santa Cruz quando Dom de Galarreta aqui esteve, sugerindo-me deixar o mosteiro, é algo bem complexo onde entram vários fatores. Somente Dom de Galarreta poderia dizer exatamente todas as razões que o moveram a me dar aquela sugestão. A questão doutrinal pode ter estado envolvida, mas não é certo, já que Dom de Galarreta era, em princípio, contra os acordos. Talvez a liberdade e justa independência do mosteiro inquietasse Dom Fellay. Dom de Galarreta deu como motivo as vocações para o mosteiro, pois enquanto eu fosse prior os padres no Brasil não mandariam vocações.
7. Reverendo Padre: ¿su experiencia en la abadía de Le Barroux le ha servido para fortalecer sus oposición a la deriva rallié o acuerdista de la FSSPX?

Sim, há uma semelhança entre a admiração de Dom Gérard pelo então Cardeal Ratzinger e a admiração ou, ao menos, a consideração que Dom Fellay tem por Bento XVI.
Dom Gérard dizia que Dom Lefebvre ficava emburrado no seu canto se recusando a entrar em contato com os representantes de Roma, e que o Cardeal Ratzinger era homem com o qual era possível tratar. Dom Gérard não conhecia o cardeal e não quis aproveitar da experiência de Dom Lefebvre. Penso que Dom Fellay tem cometido o mesmo erro. Os conselhos e pareceres dos antigos é uma coisa fundamental na vida. Santo Tomás, ao falar da docilidade, assinala esta disposição de alma que devemos ter para com os anciãos. Vale a pena ler o artigo 3 da questão 49 da IIª IIae. É muito instrutivo. Dom Gérard não levou em conta os avisos e advertências de Dom Lefebvre. Dom Fellay agiria de maneira bem distinta se os meditasse também, penso eu. Esta questão mereceria todo um estudo sobre a atitude de Roma para com Dom Gérard e para com Dom Fellay. Penso que a todos os dois faltou a prudência de Dom Lefebvre.
8. ¿Nos puede contar cómo se produjo el quiebre entre su monasterio y la FSSPX el año 2012?

A separação entre nosso mosteiro e a Fraternidade foi gradual, devido a mais de um incidente. Porém foi em 2012 quando, tanto eu como o ir. Arsênio escrevemos sobre os acordos e sobretudo quando Dom Williamson esteve em nosso mosteiro e recebeu todo o nosso apoio, é que a ruptura se fez.
No entanto, nós guardamos boas relações com alguns membros da Fraternidade São Pio X que vêem o problema, embora eles pensem que é melhor permanecer na Fraternidade por enquanto.
9. Padre: Usted conoció a Mons. Lefevre. ¿Nos puede decir unas palabras sobre él?

Dom Lefebvre possuía a força e a tranqüilidade dos que têm certeza do bem fundado do que eles estão fazendo e isto, unido a uma grande disponibilidade em atender as almas. Sua tranqüilidade vinha da solidez de sua fé e seu bom senso. A certeza gera a tranqüilidade. Ora, a certeza da fé é superior a todas as outras. Daí uma soberana tranqüilidade que Dom Lefebvre apresentava em todas as ocasiões. Ele era um verdadeiro bispo, tal como o descreve São Paulo, que agia de modo a salvar sua própria alma e a daqueles que ouviam suas palavras e seus conselhos. Sua divisa resumia bem a sua pessoa e a sua ação: Credidimus Caritati.
10. ¿Cómo explicaría Usted el cambio que se ha obrado en la FSSPX respecto de la posibilidad de un acuerdo práctico con Roma, y qué piensa que sucederá con la Fraternidad?

Penso que há membros da Fraternidade São Pio X que querem um acordo e que vêm trabalhando neste sentido há muitos anos.
Talvez foi para salvar a Fraternidade de uma ruptura interna que Dom Tissier e Dom de Galarreta aceitaram a mudança do que havia sido decidido no Capítulo Geral de 2006.
O que sucederá com a Fraternidade só Deus o sabe. Rezo para que ela volte ao seu primeiro fervor, mas será difícil uma volta atrás.
Não convivendo com os membros da Fraternidade, tenho dificuldade em dar uma opinião fundamentada. Pelo que ouço e pelo que chego a ler, creio que a Fraternidade tentará um equilíbrio um tanto instável, composto de legalidade e de fidelidade. Mas eles lutarão no terreno escolhido pelo inimigo. Taticamente não é muito inteligente. A liberdade de pregar contra os erros da Santa Sé ficará (e já está) tolhida. Além disso, Dom Fellay parece pensar diferentemente de Dom Lefebvre, apesar de ele o negar. Isto é mortal para a Fraternidade São Pio X.
11. Reverendo Padre: ¿se puede hablar de verdadero y propio liberalismo en la FSSPX, o eso es una exageración?

Aproximando-se de Roma não há como evitar um certo Liberalismo. 
12. Padre: ¿cómo definiría usted la Resistencia y cómo ve el futuro de ella?

Eu definiria a Resistência como a fidelidade a Dom Lefebvre e a Dom Antônio de Castro Mayer. A Resistência é a Tradição, ou, é a parte mais sadia da Tradição ou, ao menos, a parte da Tradição que recusa mais claramente a idéia de um acordo prático sem que Roma tenha voltado à Tradição.
O futuro da Resistência está na fidelidade aos ensinamentos de Dom Lefebvre e de Dom de Castro Mayer, ou seja, aos ensinamentos do Magistério infalível da Igreja. Graças a Deus temos Dom Williamson e Dom Faure conosco, pois eles foram escolhidos por Dom Lefebvre e sempre foram discípulos fiéis do fundador da Fraternidade São Pio X.
13. ¿Cuáles serán sus prioridades cono Obispo?

Dar os sacramentos e assegurar a pregação da fé.
14. ¿Cuál será el lema de su escudo y la explicación del mismo?

O lema será “Veritatem Dilexisti” (Vós amastes a verdade), tirado do Salmo 50. O brasão é o reverso da medalha milagrosa, com as doze estrelas (os doze artigos do Credo e os doze Apóstolos), a cruz, o “M” de Maria Santíssima e os Sagrados Corações.
O Brasil teve por nome, no início, “Terra da Santa Cruz”. É também o nome de nosso mosteiro.
Nossa congregação foi dedicada no século XIX pelo nosso fundador, o Rev. Padre Jean Baptiste Muard, aos Sacratíssimos Corações de Jesus e Maria.
15. Finalmente, Reverendo Padre, ¿quisiera Usted enviar un mensaje a los tradicionalistas, y, en particular, a la Resistencia?

Uma mensagem? Estudem as obras de Dom Lefebvre e aprendam com os seus exemplos. Dom Lefebvre é o Padre Le Floch e o Pe. Le Floch é o Magistério: é o amor do Magistério da Igreja. Só assim se vencerá o Liberalismo e o Modernismo.
Além disso, leiam e procurem entender os grandes autores antiliberais, sobretudo os que melhor entenderam os erros do mundo moderno, como Dom Antônio de Castro Mayer, Dom Williamson e também Dom Tissier, que expôs com precisão a estranha teologia de Bento XVI e que nos deu a biografia de Dom Lefebvre, sem esquecer os antigos autores, cuja lista seria demasiado grande. Lembremos apenas Dom Vital, o grande bispo brasileiro amigo de Mgr. Ségur que combateu vigorosamente a maçonaria e por causa disso foi preso e talvez envenenado, pois morreu pouco depois de sair da prisão, com graves problemas digestivos. Lembremos também Mgr. Pie e, para os brasileiros, Gustavo Corção cujo livro, O Século do Nada, deveria ser conhecido de todos. Corção entendeu bem o mal do século: a mentira, já que ele dizia que o século XX poderia ser chamado o século da mentira. O remédio a este mal está no seu contrário: “Veritatem dilexisti”.

Querido Padre, agradecemos profundamente a Dios, a su Santísima Madre, a San José Protector de la Iglesia, y a San Benito; por la gran bendición que para la Resistencia implica su consagración. Pedimos a Dios que le dé un episcopado sumamente fructífero. Agradecemos a usted el haber aceptado tan pesada carga y a Mons. Williamson y a Mons. Faure porque lo consagrarán cono sucesor de los Apóstoles. Deo gratias!


Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dia Santo Rosário.