São Vicente nasceu em
Valência, na Espanha, em 1350. Passou a infância e a juventude junto aos
padres dominicanos, que tinham um convento próximo de sua casa.
Percebendo sua vocação, pediu ingresso na Ordem dos Pregadores
(dominicanos) aos dezessete anos. .
São
Vicente estudou em Lérida, Barcelona e Tolosa, doutorando-se em
filosofia e teologia, e ordenando-se sacerdote em 1378. Pregador nato,
nesse mesmo ano começou sua peregrinação por toda a Europa, durante um
período negro da história, quando ocorreu a Guerra dos Cem Anos, quando
forças políticas, alheias à Igreja, tinham tanta influência que atuavam
até na eleição dos papas. .
Assim,
quando um italiano foi eleito papa, Urbano VI, as correntes políticas
francesas não o aceitaram e elegeram outro, um francês, Clemente VII,
que foi residir em Avinhão, na França. A Igreja dividiu-se em duas,
ocorrendo o chamado cisma da Igreja ocidental, porque ela ficou sob dois
comandos, o que durou trinta e nove anos. .
Vicente
Ferrer, pregador, já era muito conhecido. Como prior do convento de
Valência, teve contato com o cardeal Pedro de Luna, que o convenceu da
legitimidade do papa de Avinhão, e Vicente aderiu à causa. Em 1384, o
referido cardeal foi eleito papa Bento XIII e habilmente fez do
dominicano Vicente seu confessor, sendo defendido por ele até 1416, como
fazia Catarina de Sena, sua contemporânea, pelo italiano Urbano VI. .
O
coração desse dominicano era dotado de uma fé fervorosa, mas passando
por uma divisão dessas, e juntando-se o panorama geral da Europa na
época: por toda parte batalhas sangrentas, calamidades públicas, fome,
miséria, misticismo, ignorância, além da peste negra, que dizimou um
terço da população. Tudo isso fez que a pregação de Vicente Ferrer
ganhasse a nuance do fatalismo. .
Apóstolo brilhante e converteu grande número de hereges , judeus e mulcumanos. .
Ele
pregou pela Espanha, França, Itália, Suíça, Bélgica, Inglaterra e
Irlanda e muitas outras regiões, defendendo sempre a unidade da Igreja, o
fim das guerras, o arrependimento e a penitência, como forma de esperar
a iminente volta de Cristo. Tornou-se a mais alta voz da Europa.
Pregava para multidões e as catedrais tornavam-se pequenas para os que
queriam ouvi-lo. Por isso fazia seus sermões nas grandes praças
públicas. Milhares de pessoas o seguiam em procissões de penitência.
Dizem os registros da Igreja, e mesmo os que não concordavam com ele,
que Deus estava do seu lado. A cada procissão os prodígios e graças
sucediam-se e podiam ser comprovados às centenas entre os fiéis. Assim,
no Domingo de Ramos de 1407, na igreja de Ecija (Espanha), uma dama
judia, rica e poderosa, que seguia seus sermões por curiosidade e
desafio, sem ocultar os sarcasmos que fazia a meia voz, atravessou de
improviso a multidão para sair. Não conseguia conter-se de raiva. O
povo, explicavelmente, ficou indignado. "Deixai-a sair, disse o Santo,
porém afastai-vos do pórtico", o qual caiu sobre ela, matando-a. Mulher,
em nome de Cristo, volte à vida!", ordenou ele, e assim se fez. Após um
tal milagre, não é de causar estranheza que essa senhora tenha
prontamente se convertido à verdadeira Religião. Naquela cidade, uma
procissão anual passou a comemorar a morte, ressurreição e conversão da
judia. O
cisma da Igreja só terminou quando os dois papas renunciaram ao mesmo
tempo, para o bem da unidade do cristianismo. E, com sua atuação, ajudou
a eleger o novo papa, Martinho V, trazendo de novo a união da Igreja
ocidental. As nuvens negras dissiparam-se, mas as conversões e as graças
por obra de Vicente Ferrer ficarão por toda a eternidade. Ele morreu no
dia 5 de abril de 1419, na cidade de Vannes, Bretanha, na França. Foi
canonizado pelo papa Calisto III, seu compatriota, em 1458, que o
declarou padroeiro de Valência e Vannes. São Vicente Ferrer foi um dos
maiores pregadores da Igreja do segundo milênio e o maior pregador do
século XIV.
Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário.