Edição 30
EXCELÊNCIA DO CATECISMO
El catequista instruído–
método para enseñar bien el catecismo
Pe. Ciriaco Santinelli
Tradução: Capela Nossa Senhora das Alegrias
CAPELA NOSSA SENHORA DAS ALEGRIAS
Dom Antônio de Castro Mayer, herói da fé em nossa pátria, preservou a
diocese de Campos dos erros modernos, o que fez dela a última diocese
integralmente católica do mundo. Filho de pai alemão, João Mayer, e de mãe
brasileira, Francis-ca de Castro, Dom Antônio entrou cedo no Semi-nário Menor e
pouco depois de ingressar no Mai-or foi enviado à Roma para aí terminar os seus
estudos, voltando ao Brasil já ordenado e com o diploma de Doutor em Teologia
com apenas 24 anos de idade.
Toda a sua vida Dom Antônio a consagrou na defesa da fé católica e da
formação intelectual e moral das almas, tanto em São Paulo, como pa-dre
secular, como em Campos, como Bispo dioce-sano.
Por ocasião do Concílio Vaticano II Dom Antônio lutou ao lado de Dom
Lefebvre e de grande nú-mero de Bispos que defendiam a doutrina da Igreja
contra os modernistas que dominaram o Concílio graças ao apoio dos Papas João
XXIII e Paulo VI.
De volta à sua diocese Dom Antônio continuou esta luta pela preservação
da fé fundando o Se-minário Maior de Campos e opondo-se às refor-mas inspiradas
pelo Concílio. Assim como Dom Lefebvre, Dom Antônio se dava conta que mais do
que alguns erros doutrinais era uma nova igreja, uma nova religião que se
formava e toma-va o lugar da religião Católica. A responsabilidade deste
desastre recaía e recai até hoje sobre as mais altas autoridades da Igreja e,
acima de to-das, sobre o Soberano Pontífice.
Por esta razão Dom Antônio fez questão de estar presente na cerimônia da
Sagração dos quatro Bispos da Fraternidade São Pio X no dia 30 de junho de
1988, em Ecône.
Com a morte de Dom Antônio de Castro Mayer em 1991 os padres de Campos
pediram aos Bispos da Fraternidade que sagrassem um Bispo para os padres e
fiéis de Campos. Dom Licínio Rangel foi escolhido e sagrado em São Fidélis, Rio
de Janeiro, por Dom Tissier de Mallerais sen-do Dom Richard Williamson e Dom
Galarreta os bispos co-consagrantes.
Tudo corria muito bem em Campos. A Tradição crescia, os fiéis se
instruíam, a devoção ao Ima-culado Coração de Maria era propagada, voca-ções
sacerdotais e religiosas surgiam em grande número.
No entanto na Europa algo ocorria que teria em breve consequências
nefastas para Campos. Dom Bernard Fellay entendia-se com as autorida-des
romanas e obtinha, pouco a pouco, alguns “trunfos” que pareciam ser conquistas
da Tradi-ção. Mas, na verdade, eram pedras de tropeço nas quais Campos iria
sucumbir muito em breve.
No ano 2000 uma brilhante peregrinação da
Tradição à Roma encheu os olhos de todos. A força da Tradição se
manifestava com entusias- mo e piedade na própria basílica de São Pedro.
Nota: Esta matéria que aqui disponibilizamos nada mais é que um resumo
da Conferência “Subversão em Campos: de Dom Antônio a Dom Rifan”, dada por Dom
Tomás de Aquino nas Jorna-das Jean Vaquié de 2015, em Avrillé, França.
O cardeal Castrillon Hoyos entra em con-tato com os bispos da
Fraternidade. À per-gunta ou reflexão do cardeal sobre o que nos separa, Dom
Williamson responde: “Duas religiões.” Mas Dom Fellay não pare-ce tirar as
conclusões que se impõem des-ta constatação. Dom Fellay vai iniciar uma série
de contatos e conversações com Roma. Campos será chamado a participar. Há uma
esperança infundada de um triun-fo da verdade em Roma, um início de con-versão
de Roma. Na realidade Roma não muda e a Fraternidade é obrigada a recuar para
não cair numa armadilha1. Campos porém não recua e já em 2001 a Santa Sé retira, sem publicidade,
a excomunhão que pesava sobre Dom Licínio. Mas que exco-munhão é esta? Dom
Licínio estava exco-mungado? Dom Antônio de Castro Mayer e Dom Lefebvre
estariam também excomun-gados? A Santa Igreja Católica excomunga-ra seus
melhores defensores? Claro que não. Mas Campos entrara na engrenagem
modernista. Campos aceitara a idéia de que Dom Licínio estava excomungado e que
era necessário se re-integrar na igreja conciliar, na igreja oficial, ou seja,
se entre-gar nas mãos dos inimigos de Nosso Se-nhor que ocupam os pontos chaves
da Santa Igreja.
Campos abandonava então a luta e no início de 2002, na Catedral de
Campos, foi tornado público os acordos entre os mo-dernistas e a última diocese
católica do mundo. É isto que nós chamamos de sub-versão em Campos. Campos
traia assim Dom Antônio de Castro Mayer. Campos traia a causa de Nosso Senhor
Jesus Cris-to.
Como assim? Campos seria por acaso contra Nosso Senhor Jesus Cristo?
Sim. Vejamos isto de mais perto. Vejamos quais são os interesses de NSJC, quais
os seus privilégios, quais os seus direitos, sobera-nos e inamissíveis e
vejamos o que fez Campos.
Não julgamos o interior das almas e sa-bemos muito bem que muitos padres
e a quase totalidade dos fiéis de Campos pen-saram numa vitória da Tradição a
qual teria sido reconhecida e aprovada por Ro-ma. Infelizmente não é isso o que
aconte-cera.
O que sucedeu então foi uma revolução em Campos. O que era a glória de
Cam-pos, tornou-se a vergonha de Campos e o que era abominável aos olhos de
Campos tornou-se o modelo, a regra, a nova lei dos padres de Campos.
Dom Antônio dizia: “Não se deve assistir à Missa nova. Ela é
neo-modernista.” Dom Rifan diz que quem se nega a rezar esta missa tem espírito
cismático. Dom Antônio diz não e Dom Rifan diz sim, sim à nova Missa que ele já
concelebra como todos os “ralliés” acabam fazendo ou aprovando os que o fazem.
Dom Antônio objeta que a Liberdade Reli-giosa é uma doutrina já
condenada pela Igreja. Dom Rifan defende o documento do Concílio que a
promulgou, documento que é um atentado ao direito de Nosso Senhor de reinar
sobre as nações.
Dom Antônio escreveu a João Paulo II que se ele continuasse pelo caminho
das reuni-ões ecumênicas de Assis, ele não seria mais o Bom Pastor. Dom Rifan
venera João Paulo II assim como João XXIII como santos e ensi-na aos fiéis a
fazerem o mesmo.
Para resumir. A obra de Dom Antônio está destruída e o modernismo já
penetrou na Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.
Falando de algumas afirmações as mais importantes e verdadeiras de Dom
Lefebvre Dom Rifan as qualifica de erros graves e mesmo de heresias.
Para Dom Rifan não há duas igrejas que se chocam neste momento: a Igreja
Católica e a Nova Igreja Neo-Modernista e Neo-Protestante que se manifestou no
Concílio Vaticano II e nas reformas inspiradas por ele. Afirmar que há duas
igrejas seria um erro.
Para Dom Rifan dizer que os sinais da verdadeira Igreja estão na
Tradição e não na Igreja oficial é uma heresia, uma heresia de Dom Lefebvre.
Erros e heresias, eis o que Dom Rifan vê no ensinamento de Dom Lefe-bvre.
Que se passou com Campos? Que se pas-sou com o ensinamento de Dom
Antônio de Castro Mayer e de Dom Marcel Lefebvre? Campos não lê mais a
“Conjuração Anti-Cristã” de Mons. Delassus? Eles se esque-ceram da Pascendi de
São Pio X? Eles igno-ram a “Humani Generis” de Pio XII?
O que se passou em Campos foi uma sub-versão, uma revolução, uma
inversão. Os que eram tido por modelos tornaram-se condenáveis e os que eram
condenáveis se tornaram modelos. Hoje se fala em São João XXIII, São João Paulo
II, esperando poder falar e invocar São Paulo VI. É a eficácia do erro da qual
fala São Paulo que toma conta de Campos.
Mas como Campos pôde mudar da água para o vinho, ou melhor, do vinho
para a
água?
Talvez o fato de Dom Antônio de Castro Mayer ter hesitado entre uma
posição sedevacantista e, ao mesmo tempo, de estreito juridismo tenha
debilitado o clero de Campos. Antes de falecer, ou melhor, a partir de 1988 até
seu falecimento em 1991, Dom Antônio aproximou-se de Dom Lefebvre, abandonando
cada vez mais o sedevacantismo e este juridismo que o havia parcialmente
paralisado durante algum tempo. Foi assim que Dom Antônio, depois das sagrações
de 1988, ordenou em Varre-Sai o Pe. Manoel.
Este exemplo de sabedoria e de humilda-de que fez Dom Antônio
aproximar-se do modo de pensar e de agir de Dom Lefebvre não foi seguido pelos
padres de Campos, ou melhor, foi seguido durante dez anos (de 1991 a 2001), mas
depois eles aban-donaram este belo equilíbrio e raciocina-ram com os sedevacantistas:
“Se o Papa é Papa temos que obedecê-lo. Se não obedecemos então ele não
é Papa.” Como para Campos o Papa é Papa, então Campos obedece. O ponto de
equilí-brio não está em nenhuma destas duas opções. Se o Papa age mal, se ele
ordena coisas más, não se deve obedecê-lo nem imitá-lo. Nada mais. A questão é
simples. Saber se o Papa perdeu ou não perdeu o pontificado é outra questão.
Questão gra-ve, sem dúvida. Mas é uma outra questão. Questão secundária, se a
compararmos com o nosso dever. Nosso dever é o de guardar a fé e a moral, de
amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos e assim
salvarmos nossas almas e ajudar o próximo a salvar a sua. As outras questões
vêm depois.
Assim fez Dom Lefebvre. Assim também fez Dom Antônio de Castro Mayer.
Assim não fez Dom Rifan que acabou obedecen-do quando não tinha que obedecer e
aca-bou aceitando o modernismo que ele tinha obrigação de não aceitar.
Dom Fellay vai pelo mesmo caminho, ele que, de certa forma, o abriu para
Campos. Que ele se arrependa e faça penitência pois a Fraternidade corre para o
mesmo abismo no qual se precipitou Dom Rifan.
Que o Imaculado Coração de Maria pro-teja a Tradição, fortifique a
Resistência e não deixe se perder o exemplo de nossos pais na fé, nesta fé sem a
qual é impossí-vel agradar a Deus e salvar nossas almas.
***
1- O que talvez não tenha sido senão um recuo tático de Dom Fellay
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A Família Católica
Nota: Fazemos eco às palavras do Pe. Santinelli e outro objetivo não
temos que auxiliar aos nossos leitores na tomada de consciência da urgente
necessidade de se estudar o catecismo tanto em nossas capelas, como no interior
de nossas famí-lias. São Pio X dizia que “nossos povos perdem a fé porque uma
praga corrói os fundamentos em que ela se apoia: a igno-rância religiosa. É
necessário ensinar o catecismo”. Que os pais de família não negligenciem em
ponto tão importante, nem julguem que tão “sublime ministério” é de exclusiva
obrigação dos catequistas. Não! É no seio da família que as crianças deverão
primeiramente aprender o cate-cismo e, principalmente, ver resplandecer os
ensinamentos de tão incomparável obra.
***
Um grande problema se apresenta hoje à humanidade. Imensa praga de males
intelectuais e morais se estende pelo mundo e faz pressagiar espantoso porvir.
Se tantas desgraças devemos deplorar no presente, por parte de pessoas que
rece-beram uma educação cristã, o que não devemos esperar da juventude que se
vai formando, cujo coração está viciado e o juízo pervertido pelas falsas,
nefandas e subversivas doutrinas das seitas ímpias, inimigas declaradas de Deus
e de sua religião? Questão de suma importância e, por assim dizer, de vida ou
morte, é a que se deve resolver em nossa época: a sa-ber, de difundir ideias
profundamente cristãs na geração presente.
Para restaurar a sociedade enlouqueci-da, para remediar os males sem
número que a rodeiam, não cabe outro recurso que educar catolicamente a
juventude. É mister proporcionar a ela uma educação moral e religiosa, a única
que pode lhe dar a verdadeira sabedoria e uma sólida virtude.
A boa educação é tão necessária às crianças assim como o cultivo é à
terra.
O fim a que deve se propor todo educa-dor é cultivar o espírito da
juventude, in-formando-o com os divinos ensinamentos, únicos que podem conter a
corrente impe-tuosa dos males que tanto deploramos. Também é manifesto que
somente dos ensinamentos do divino Redentor ema-nam os puros costumes, e que
somente neles se apascenta abundantemente a alma e se estabelece a paz nas
famílias e a felicidade de todas as classes sociais. Mas que meios deverão ser
utilizados para conseguir tão grandes bens? A razão e a experiência afirmam que
o mais segu-ro é o ensinamento do Catecismo: código sublime e de incomparável
verdade. Mag nífica síntese que explica todos os enigmas, dissipa todas as
dúvidas, rebate todas as dificuldades; laço misterioso que une o homem a Deus,
o céu com a terra, o tempo com a eternidade; e todo esforço de palavras, sem
rodeios, com suma clareza de tal modo que basta ter ouvidos para escutar e
coração dócil para crer e amar.
Nem Sócrates, nem Platão, nem sábio algum da antiguidade vislumbraram
uma obra semelhante. É indispensável portanto dar a este estudo a importância
que mere-ce, pois não há outro mais útil nem mais necessário, uma vez que é o
fundamento, a âncora de salvação, a tocha de luz para alumiar nosso caminho,
dissipar as trevas ameaçadoras e permitir-nos entrever tem-pos melhores.
Honroso é imitar ao que é a honra da raça humana e o exemplo de toda verdadeira
grandeza, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pois, que fez Cristo senão, primeiro com exemplo e depois com palavras,
ensinar-nos sua doutrina salvadora, a doutrina cristã? Que fizeram os
Apóstolos? São Paulo o disse com singular delicadeza: “Nos fizemos pequenos no
meio de vós, como uma mãe que está acalentando cheia de ternura a seus filhos;
de tal ma-neira apaixonados por vós que desejamos com ânsia comunicar-vos, não
só o Evan-gelho de Deus, mas também dar-vos nossa vida (1Tes 2,7-8).”
Desde que o Divino Redentor manifestou sua predileção
pelas crianças, os maiores santos e gênios mais ilustres consagraram-lhes
fortemente seu zelo, abnegação e solicitude. Orígenes era catequista em
Alexandria; São Cirilo, em Jerusalém; Santo Agostinho, sem falar nos demais Santos Padres da Igreja, o foi brilhantemente, tanto por
palavras como por escrito. Com que gama de argumentos e belíssimas comparações
prova o ilustre Bispo de Hi-pona, não só a dignidade da tarefa de catequizar
aos brutos, senão também a suavidade e doçura com que falam em tão santos
exercícios os que de fato tem amor às almas dos pobres e pequeninos! Para São
Carlos Borromeu, São Francisco de Sales e outros mil, ensinar o Catecismo era
sua obra predileta.
Tal tem sido o pensamento invariável desde Santo Agostinho até Bossuet,
e desde Orígenes até Fenelón e Dupanloup. Este célebre Bispo de Orleáns, ao
publicar seu Método de Catecismo, dizia: “ Confessa-mos com ingenuidade:
esta obra tem todas as predileções de nossa alma; a ela temos dedicado a melhor
parte de nossa vida; é a mais importante de quantas nos haveremos de ocupar; é
a obra fundamental”.
E o apóstolo da infância em nosso século, o insigne Dom Bosco, acaso não
encer-rou toda sua honra na imitação de Cristo e
de seus Apóstolos, deixando, não só que as crianças se aproximassem
dele, mas também indo atrás delas para ensiná-las e transformá-las a seu tempo
em catequistas e missionários?
Mas, para que aludir a outros exemplos, quando a Igreja por meio de seus
Pontífices, há exortado sempre aos fiéis que estudem o Catecismo? Com este fim
veio à luz para um grande número o grande Catecismo do Concílio de Trento,
fruto de grandes e profundos estudos, e publicado por ordem de São Pio V.
Extenso seria enumerar os decretos e exortações dos Sumos Pontífices sobre a
importância do Catecismo, e como em todas as partes do mundo cristão os
pastores eclesiásticos promulgaram leis, sancionadas com penas, estimulando a
sacerdotes e leigos, grandes e pequenos para que se empenhem no ensino e estudo
da Doutrina Católica. Ainda mais: a Igreja, sumamente compadecida, há aprovado
congregações, associações, confrarias, etc., que tem por fim instruir à
juventude na Doutrina Cristã. Por isso, Santo Inácio não só exercia este santo
Ministério, mas quis obrigar com voto a seus filhos para que se dedicassem a
catequizar. Edificantes, sem dúvida, são os fatos que sobre isso se leem na
vida de São Francisco de Borja e na de tantos outros. São Francisco Xavier
balbuciou com as crianças os primeiros rudimentos da fé cristã, “andava por
todas as ruas da cidade de Goa e pedia por Deus, e em voz alta, aos pais de
família, que enviassem seus filhos e criados ao Catecismo”.
Desde o tempo de São Pio V se fundou em Roma a congregação dos
catequistas, com o título de Padres da Doutrina Cristã e, pouco depois, o
Oratório de São Felipe Neri. Na França, V. César de Bus, que foi chamado o
apóstolo da infância, fundou também uma congregação. Na mesma França São João
Batista de la Salle instituiu uma congregação chamada Irmãos das Escolas
Cristãs.
Do exposto até aqui, deve-se deduzir necessariamente a importância do
Catecismo e a necessidade de aplicarmo-nos com zelo em tão sublime ministério.
EXCELÊNCIA DO CATECISMO
El catequista instruído– método para enseñar bien el catecismo
Pe. Ciriaco Santinelli
Tradução: Capela Nossa Senhora das Alegrias
O CÉU É O PRÊMIO
O Céu é o prêmio.
A matraca sonora
Que chega antes da hora
Faz-me saltar do leito.
O Céu é o prêmio.
E logo ao despertar,
Se vêem outras maravilhas
Que não são as de Paris.
O Céu é o prêmio.
Em minha pobre cela
Não há cortinas de tule,
Nem espelhos nem tapetes.
O Céu é o prêmio.
Não há mesa nem cadeira.
A felicidade aqui
É não estar à vontade.
O Céu é o prêmio.
Descubro, sem alarme,
Minhas luzentes armas
E amo o ruído que fazem.
O Céu é o prêmio.
Venha a mim o sacrifício,
Cadeias, cruz e cilício:
São estas as minhas armas.
O Céu é o prêmio.
Logo depois da oração,
Deve-se beijar o chão,
Porque a regra assim ordena.
O Céu é o prêmio.
Escondo minha armadura
Debaixo do meu burel
E de meu véu abençoado.
O Céu é o prêmio.
Se a “senhora” natureza
Manifesta alguma queixa,
Eu lhe respondo sorrindo:
O Céu é o prêmio.
Jejuar é muito fácil,
Pois deixa a gente mais ágil;
Mas, se vem fome... azar nosso!
O Céu é o prêmio.
Nós aqui não respeitamos
Os nabos, as batatinhas,
Cenouras, couves, rabanetes.
O Céu é o prêmio.
Ninguém jamais se espanta
Se, à noite, só se nos dão
Um pouco de pão e frutas.
O Céu é o prêmio.
Às vezes, sem exagero,
O pão passa e também deixo
As frutas dentro do prato.
O Céu é o prêmio.
Meu prato é feito de barro,
Minha mão serve de garfo
E a colher é de madeira.
O Céu é o prêmio.
Enfim, quando nos reunimos,
Podemos conversar juntas
Sobre as alegrias do Céu.
O Céu é o prêmio.
Trabalhando conversamos,
Uma coze e a outra corta
Os paramentos do altar.
O Céu é o prêmio.
Vê-se uma alegria santa
Que deixa sua bela marca
Nas frontes claras e abertas.
O Céu é o prêmio.
Uma hora passa logo,
E eu volto a ser ermitã
Sem franzir as sobrancelhas.
O Céu é o prêmio.
O silêncio se interrompe
Com ruídos de penitência
Que nos deixam meio surdas.
O Céu é o prêmio.
Vão desfilando meus golpes:
Sessenta e seis mil por ano
é uma conta bem exata.
O Céu é o prêmio.
É em favor dos missionários
Que fazemos estas guerras
Sem tréguas nem compaixão.
Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face
Homenagem a Santa teresa de Jesus (D’Ávila)
Por ocasião do V centenário de seu nascimento
A F a m í l i a C a t ó l i c a - e d i ç ã o 3 0
P á g i n a 5
Como disse em outro lugar, não quero nem me cabe determinar a cada um
como agir concretamente com respeito às redes sociais (Facebook, etc.). Mas,
ainda que muito brevemente, quero e devo alertar a todos sobre os riscos que me
parece elas implicam.
Como nunca fiz parte de nenhuma, só as tratarei a partir de dois de seus
efeitos visíveis: o tempo que se perde em tais redes; o fato notório de que,
muito ao contrário do que se anuncia, elas são lugar de inimizades, rixas,
contendas, detrações, injúrias.
1) O mundo atual, tanto o capitalista como o comunista ou a mescla de
ambos, com sua transformação das pessoas em engrenagens de uma imensa máquina
de fazer dinheiro, tirou ao homem grandíssi-ma parte do tempo de ócio,
exatamente aquele em que podia viver segundo o que é superior em sua alma: aplicando-se
à contemplação, sobretudo de Deus. Impe-diu, assim, o que para Aristóteles era
a vida feliz: a bíos theoretikós (exatamente, a vida contemplativa). Que dizer
então do que aconteceu à religião e suas práticas, esta mesma religião que, por
virtude so-brenatural, constitui o ápice da vida con-templativa – e de que
depende nada me-nos que a salvação eterna das almas?
Mas há mais. Já desde a revolução in-dustrial e da Lei Le Chapelier, a
vida fami-liar pelo menos se fragilizou imensamen-te. O divórcio, que veio a
tornar-se uma permanente espada de Dâmocles sobre sua cabeça, agravou muito a
situação, e é fato que a família está hoje em franca dissolução. Mas some-se a
tudo isso a
televisão, por exemplo, e tem-se um qua-dro dramático: os cônjuges ou
estão tra-balhando, ou estão vendo televisão – ou, ainda, fazendo desta a
baby-sitter eletrô-nica de seus filhos. Como pôr em ação, assim, o tear que dia
a dia tece e retece a solidez da família e da criação dos filhos?
Pois somem-se agora a todo o anterior as redes sociais! O imenso tempo
que se perde nelas é como a pá de cal sobre a vida contemplativa e sobre a
familiar. Em nome de quê? De um simulacro, aliás feio, da vida social autêntica
e sã. Já não se trata das boas risadas que se podem dar junto com o amigo; já
não se trata da conversa maravilhada no intervalo de um concerto (de música
boa, é claro); já não se trata pois da vivência direta de algo a que tendemos
naturalmente. Trata-se de algo como um fantasma. Com efeito, para a vida social
autêntica e sã, é essencial o contato direto, o rosto amigo diante dos olhos, o
enlevo sentido em comum diante do belo. Mas para o sucedâneo de vida social que
são as redes sociais basta o virtual, o espectral – uma imagem de rosto, por
exemplo. E por aí se vê que tais redes são tudo, menos verdadeiramente sociais.
2) E é daí que decorre o segundo efeito acima enunciado. Neste sucedâneo
de “relação social” constituído pelas redes, entre tais imagens fantasmáticas
que pretendem substituir-se à presença efeti-va do outro, e por trás do biombo
da tela do computador, é muito fácil à natureza caída do homem sentir-se
todo-poderosa e, em vez de iludir-se com um espectro de relação social, passar
a fazer dele um poderoso instrumento de inimizade.
Atrás desse diabólico biombo, quantos não se sentem no direito de
afrontar e injuriar o outro? Não raro por “motivos nobres”: defender a
religião, uma doutri-na, etc. Tal nobreza, porém, muito amiúde se perde
totalmente, porque aquela mes-ma sensação de todo-poder, como parte de algo
fantasmático, acaba por logo substituir qualquer motivo nobre – e o que era
nobre torna-se ignóbil. Com efei-to, o exercício autêntico de qualquer po-der
requer, necessariamente, a posse do conhecimento que permite esse mesmo
exercício. Qualquer poder é tirânico se não fundado em conhecimento o mais
perfeito possível. Que se vê nada rara-mente, todavia, nas redes sociais?
Exata-mente inimizades, injúrias, detrações, etc., essas pequenas tiranias em
nome da defesa de uma doutrina. Mas a defesa de uma doutrina requer
conhecimento dela, o qual só se adquire por estudo. Como, contudo, encontrar
tempo para tal estudo se ele é consumido por aquelas mesmas redes?
Some-se tudo o que se disse acima e ter -se-á, parece, a razão principal
do triste espetáculo de inimizades, contendas, injúrias que vemos transbordar
de um espaço virtual e fantasmático para o que nos resta de vida social real.
Sim, porque é este um dos efeitos mais malignos das redes sociais: não só
roubar à vida social autêntica grande parte do pouco tempo que lhe resta, mas
empeçonhar e enfer-mar cada dia mais este mesmo restante.
Os riscos das Redes Sociais
Carlos Nougué
Edição:
Capela Nossa Senhora das Alegrias -
Vitória, ES.
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Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dia Santo Rosário.