quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Comentários Eleison – por Dom Williamson Número DXCVIII (598) (29 de dezembro de 2018)

 

 
Que alma pode evitar o inferno quando passa a doutrina a rechaçar?

Mas seu feitiço o mundo, a carne e o demônio puseram-se a lançar...

Os caminhos de Deus raramente são caminhos fáceis. Segue um e-mail de um leitor destes “Comentários” que se aprofunda em um ponto levantado frequentemente aqui, mas que não pode ser levantado com muita frequência, porque está no cerne do problema, e representa um perigo para a Fraternidade Sacerdotal São Pio X desde 2012, e que pode consumar-se em um futuro previsível: a degradação da doutrina. Eis o que ele escreve, abreviado e editado como ocorre de costume nestes “Comentários”:

Quando eu penso no giro que vai da doutrina antes da prática para a prática antes da doutrina, dado pela Fraternidade em 2012, que terminou em um acordo secreto com coisas não ditas, mas não menos acordadas, eu acredito que a sede da FSSPX tem-se comportado como os comunistas cuja tática era, na França do pós-guerra, dizer aos católicos: vejam, vocês querem, como nós, ajudar a classe trabalhadora, mas vocês têm a fé, enquanto nós somos ateus. Deixemos de lado as questões de doutrina. Vocês deixam-nos manter nossa ideologia marxista, e não lhes pediremos que abandonem sua fé. Ajamos juntos para aliviar a miséria dos trabalhadores e devolver um pouco de esperança às vítimas da sociedade moderna. E por esse meio, o grande número de sacerdotes obreiros que consentiu em viver como operário de fábrica tornou-se marxista. O motivo foi, como Santo Agostinho disse, que se eu não ajo como penso, acabarei pensando como ajo. Pio XII proibiu que o experimento do sacerdote operário continuasse, mas somente depois que muitos sacerdotes perderam-se em relação ao sacerdócio. E o futuro Paulo VI em Roma e o Arcebispo de Paris rivalizaram entre si para minar essa decisão de Pio XII, porque então eles já acreditavam mais na ação do que na doutrina.

Assim, a Fraternidade em 2012 mudou da doutrina para a ação, e não deixou de produzir frutos amargos. Quando se ouve as pessoas comentarem que Roma não está mais exigindo que a Fraternidade renuncie a nada, isto é pura insensatez. Bento XVI viu claramente o que estava em jogo quando explicou aos modernistas preocupados com a reconciliação entre Roma e a Fraternidade que um acordo prático mudaria tanto o ambiente a ponto de pôr fim às críticas da Fraternidade a Roma sem que fosse necessária mais nenhuma intervenção especial da parte de Roma. O exemplo das congregações tradicionais que desde 1970 fizeram acordos com Roma o demonstra.

O ensinamento dos papas, a voz da razão, a própria experiência, todos poderiam ter sido em vão. E todos esses sacerdotes e leigos formados na Tradição Católica têm agora o mais terrível prejuízo de todos: a mentalidade de alguém que sabe, mas que acha melhor relativizar ou deixar de lado o que sabe.

O que importa agora não é esperar para ver o que Roma vai ou não fazer para deter a Tradição. O verdadeiro inimigo não está fora da Fraternidade. O que importa é entender que, com relação a Roma, ao pretender dela uma normalização, ou reconhecimento, ou regularização (chamem do que quiserem!), a Fraternidade está de fato aceitando os romanos em seu presente estado miserável, e assim comprometendo sua própria integridade. Esse comportamento demonstra que a Fraternidade engoliu o veneno modernista, que, assim como um câncer, está se espalhando dentro ela sem cessar.

Queridos Sacerdotes da Fraternidade, esta excelente análise adverte-os do seu próprio perigo presente e real. O verdadeiro inimigo da Fraternidade não está somente dentro. Está dentro de seus líderes. É a ilusão santarrona de que o contato com os criminosos ou os modernistas iludidos que governam a Igreja em Roma não só não é perigoso, como é positivamente vantajoso para a Igreja Universal. No entanto, se algum desses modernistas encarregados da Igreja de Deus está genuinamente iludido, os senhores podem pensar que Deus não está oferecendo a ele todas as graças necessárias para ver seus frutos como eles são, isto é, a destruição radical de Sua Igreja? Nesse caso, quantos deles podem estar genuinamente iludidos? Nesse caso, que assuntos os líderes dos senhores têm de mesclar e planificar com eles? Deus disse a Ló para sair de Sodoma, e não para que olhasse para trás! Os senhores devem, por sua própria salvação e a de seu rebanho, tomar todas as medidas necessárias para se isolarem da máfia que há não apenas em Roma, mas também em Menzingen, salvo se os rumos mudarem! Que Deus esteja convosco.
Kyrie eleison.
 


 Viva Cristo Rei e Maria Rainha.

Rezem todos os dias o Santo Rosário