Florentino
nascido em 1515, filho de um escrivão, muito cedo órfão de mãe, Felipe
não demonstra sinais precoces de vocação religiosa, ainda que frequente
os Dominicanos do convento de São Marcos, aquele onde se encontra
Savonarola. Com 18 anos, deixa Florença para sempre. O pai o envia a um
parente comerciante em São Germano, hoje Cassino, para que aprenda
aquela profissão. Nada feito. Ei-lo em Roma, em 1534: não sabe, mas
ficará por lá durante toda a vida, 60 anos sem interrupção. É professor
na casa de um rico florentino e estuda teologia e filosofia na
Universidade da Sapienza. Mas um dia pega todos os seus livros, menos a
Bíblia e Santo Tomás,. e vai vendê-los no mercado, depois dá o dinheiro
aos pobres. “Se queremos dedicar-nos totalmente ao nosso próximo não
devemos reservar-nos nem tempo nem espaço”. E ele quer se dedicar ao
próximo de verdade.
Tem
24 anos e se põe a trabalhar. Visita os encarcerados, conforta os
doentes, socorre os indigentes. Mas ama, sobretudo, os meninos pobres,
aos quais prodigaliza pão, a alegria, a companhia e a instrução
religiosa. E reza, reza muito. No dia 32 de maio de 1551, vigília da
festa da Santíssima Trindade e aniversário da morte na fogueira do Frei
Jerônimo Savonarola, na idade de 35 anos, Filipe Néri é ordenado
sacerdote. [Entra a fazer parte dos capelães da igreja de São Jerônimo
da Caridade. Ali sua bondade, a simpatia, a caridade e a cultura o
tornam logo o líder. Começam a se reunir, sempre mais numerosos, nobres,
o povo simples, negociantes, artistas, banqueiros, sacerdotes para ler
as Escrituras, meditá-las, rezar, cantar juntos; primeiro, ocupam seus
pobres quartos, depois num sótão da igreja. Parece a volta às origens,
aos Atos dos Apóstolos, aos primeiros cristãos. Nasce assim, por obra de
São Felipe Néri, o Oratório. Daí sairão grandes homens da Igreja, como
César Barônio, que será seu primeiro sucessor. Mas o Oratório não é só
oração, uma espécie de monte Tabor para se refugiar. Não, os seus
membros devem tornar-se samaritanos para os feridos do mundo: dessa
forma, eis que se põe a prestar serviços por turno como enfermeiros no
hospital próximo. São Felipe inventa também a peregrinação às sete
Igrejas de Roma, a quinta-feira “gorda”, em contraposição ao carnaval:
um dia inteiro de missas, pregações, cantos, orações, com merenda nos
pratos. Algumas vezes os peregrinos são mais de mil. Os sucessos lhe
criam desconfianças, incompreensões, invejas como sempre acontecem com
os santos. Mas ele não perde o bom humor. Em 1564 sua pequena comunidade
se transfere junto a igreja de São João dos Florentinos e se torna
ronrona em prática uma nova ordem religiosa, também se Felipe é
contrário; ele não quer regras, vínculos, separações. Chamá-los-ão
Filipinos. Em 1577 vai em Santa Maria da Vallicella. Ele permanece nos
seus quartinhos em São Jerônimo, até que o Papa e a saúde lhe permitem. E
continua vagueando por Roma em procura dos meninos pobres. Para eles se
torna mendigo. Conta-se que um nobre chateado por seus pedidos de ajuda
lhe largou um bofetão. E ele: “Este é para mim, e vos agradeço. Agora
dai-me alguma coisa para os meus meninos” Sempre assim Pipo Bono. Até a
morte. Esta chega no dia 26 de maio de 1595, na idade de 80 anos,
assistido pelo cardeal Frederico Borromeu, aquele do qual fala Manzoni
nos “Promessi Sposi”. Descobrir-se-á que ele tinha um coração maior do
que o normal, mas quem o conhecera já o sabia. No dia 12 de março de
1622 o Papa Gregório XV o proclama santo.
Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo.