A Cruz e os espinhos do meu Senhor são o meu cetro e a minha coroa".
Isabel
de Aragão nasceu no palácio de Aljaferia, na cidade de Saragoça, onde
reinava o seu avô paterno D. Jaime I. Era filha de D. Pedro, futuro D.
Pedro III, e de D. Constança de Navarra. A princesa recebeu o nome de
Isabel por desejo de sua mãe em recordação de sua tia Santa Isabel da
Hungria, duquesa de Turíngia. O seu nascimento veio acabar com as
discórdias na corte de Aragão, pelo que o seu avô lhe chamava “rosa da
casa de Aragão”.
As
virtudes da sua tia-avó viriam a servir-lhe de modelo e desde muito
nova começou a mostrar gosto pela meditação, rezas e jejum, não a
atraindo os divertimentos comuns das raparigas da sua idade. Isabel não
gostava de música, passeios, nem jóias e enfeites, vestia-se sempre com
simplicidade.
A
infanta D. Isabel tornara-se conhecida em beleza discrição e
santidades. As suas virtudes levaram muitos príncipes apresentavam-se a
D. Pedro como pretendentes à mão da sua admirável filha. Os pais
escolheram o mais próximo, D. Dinis, herdeiro do trono de Portugal, que
era também o mais dotado de qualidades. Isabel estava mais inclinada a
encerrar-se num convento, no entanto, como era submissa, viu no pedido
dos pais, a vontade do céu. Foram assinadas a 11 de Fevereiro de 1282 as
bases do contrato de casamento, e o matrimónio realizou-se na vila de
Trancoso, no dia de S. João Baptista de 1282. Nos primeiros tempos de
casada acompanhava o marido nas suas deslocações pelo país e com a sua
bondade conquistou a simpatia do povo. Dava dotes a raparigas pobres e
educava os filhos de cavaleiros sem fortuna.
Isabel
deu ao rei dois filhos: Constância, futura rainha de Castela e Afonso,
herdeiro do trono de Portugal. As numerosas aventuras extraconjugais do
marido humilhavam-na profundamente. Mas Isabel mostrava-se magnânima no
perdão criando com os seus também os filhos ilegítimos de Dinis, aos
quais reservava igual afecto. Entre seus familiares, constantemente em
luta, desempenhou obra de pacificadora, merecendo justamente o apelido
de anjo da paz. Desempenhou sempre o papel de medianeira entre o rei e o
seu irmão D Afonso, bem como entre o rei e o príncipe herdeiro. Por sua
intervenção foi assinada a paz em 1322.
A sua vida será marcada por quatro virtudes fundamentais: a piedade, a
caridade, a humildade e a inquietude pela paz. Tornou-se uma mulher de
grande piedade conservando em sua vida a prática da oração e a meditação
da Palavra de Deus. Buscou sempre a reconciliação e a paz entre as
pessoas, as famílias e até entre nações.
Há
tempo não se falavam, porque esse rei de Aragão não aprovava o
casamento de seu filho Pedro com Dona Constança. Apenas nasceu a santa
menina, foram-se apagando as desavenças domésticas e houve grande
harmonia naquela casa real.
O destemido avô não ocultava sua grande predileção por essa criança e
fez questão de que ela fosse educada em seu palácio, para poder gozar de
sua companhia. A razão mais profunda pela qual não queria separar-se
dela era o sensível influxo de bênçãos e a suavidade que emanavam de sua
pessoa. Num ambiente carregado de tensões e pesados encargos, aquele
precioso tesouro dulcificava os corações. Após o falecimento de Jaime I,
a infanta permaneceu ainda alguns anos com seus pais. Muito em breve
ela se tornaria rainha de Portugal.
D. Isabel costumava dizer “Deus tornou-me rainha para me dar meios de
fazer esmolas.” Sempre que saía do paço era seguida por pobres e
andrajosos a quem sempre ajudava.
Após a morte de seu marido, entregou-se inteiramente às obras
assistenciais que havia fundado, não podendo vestir o hábito das
clarissas e professar os votos no mosteiro que ela mesma havia fundado,
fez-se terciária franciscana, após ter deposto a coroa real no santuário
de São Tiago de Compostela e haver dado seus bens pessoais aos
necessitados. Fixou residência em Coimbra, junto ao convento de Santa
Clara, nos Paços de Santa Ana, de que faria doação ao convento. Mandou
edificar o hospital de Coimbra junto à sua residência, o de Santarém e o
de Leiria para receber enjeitados.
Viveu uma profunda caridade sendo sempre sensível às necessidades dos
pobres. Viveu o resto da vida em pobreza voluntária, dedicada aos
exercícios de piedade e de mortificações.
O povo criou à sua volta uma lenda de santidade, atribuindo-lhe diversos milagres e a santa foi canonizada em 1625.
Foram atribuídos muitos milagres, como a cura da sua dama de
companhia e de diversos leprosos. Diz-se também que fez com que uma
pobre criança cega começasse a ver e que curou numa só noite os graves
ferimentos de um criado. No entanto o mais conhecido é o milagre das
rosas.
Diz
a tradição, durante o cerco de Lisboa, D. Isabel estava a distribuir
moedas de prata para socorrer os necessitados da zona de Alvalade,
quando o marido apareceu. O rei perguntou-lhe: “O que levais aí,
Senhora?” Ao que ela, com receio de desgostar a D. Dinis, e, como que
inspirada pelo céu respondeu: Levo
rosas senhor....” E, abrindo o manto, perante o olhar atónito do rei,
não se viram moedas, mas sim rosas encarnadas e frescas.
Isabel faleceu a 4 de Julho de 1336, deixando em testamento grandes legados a hospitais e conventos.
Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário.