terça-feira, 5 de maio de 2020

Comentários Eleison – por Dom Williamson Número DCLXVII (667) – (25 de abril de 2020)

O Sepultamento da Igreja – II


Para que nos salvemos, que soluções devemos cultivar?
Desde Fátima, todos os católicos as conhecem.

Há duas semanas, estes “Comentários” levantaram uma pergunta dupla sobre como a Igreja Católica, em sua aflição atual, comparável ao tempo que passou Nosso Senhor entre Sua crucificação e Sua ressurreição, poderia, em primeiro lugar, sobreviver em seu “túmulo”, e depois levantar-se dele. Uma primeira parte da resposta foi, em geral, que, no que Deus Todo-Poderoso pode ou quer fazer, ele não se limita ao que os seres humanos podem pensar; de fato, espera-se que ele faça o inesperado. No quinto Mistério gozoso do Santo Rosário, sua própria mãe ficou desconsertada com a aparente indiferença à felicidade dela por parte de seu Filho, que sempre fora tão obediente.

Então, em particular, estes "Comentários" sugeriram que, embora seja absolutamente anormal que a Igreja sobreviva como estando em um túmulo praticamente sem a ajuda superior de um Papa ortodoxo ou de Bispos, sem a estrutura de uma diocese ou paróquia ou Congregação oficial, todavia, onde há a verdadeira Fé e um mínimo de bom senso e caridade, a Igreja pode sobreviver mesmo em grupos pequenos e desarticulados, pelo menos por um tempo, até que a Providência restaure uma hierarquia normal para acabar com a desordem. Por exemplo, podemos olhar para a desordem que nos rodeia hoje em dia, e podemos chegar a dizer que é o fim da Igreja; mas se Deus permitiu, é certo que não é o fim da Igreja, algo que Ele nunca poderia permitir (Mt. XXVIII, 20).

Resta a segunda parte da pergunta levantada há duas semanas, a saber: como a Igreja poderá sair de seu atual túmulo ou levantar-se dele. A pergunta tem uma importância especial, porque é tentador ver o problema de uma maneira demasiadamente humana, e procurar uma resposta demasiadamente humana. Assim, enquanto o Arcebispo Lefebvre costumava dizer que a solução está nas mãos de Deus – e essa é a verdade, e não somente uma saída fácil –, seus sucessores à frente da Fraternidade Sacerdotal São Pio X assumiram a posição de que não podemos esperar indefinidamente para resolver o estado insatisfatório da Fraternidade dentro da Igreja oficial. Em vez disso, eles devem procurar obter o quanto antes o reconhecimento oficial devido à fidelidade da Fraternidade, e que será de imenso benefício para toda a Igreja. E, com base nisso, os sucessores do Arcebispo em vários momentos desde 2012 se regozijaram por estarem a um ás, como disseram, de selar um acordo com Roma que finalmente daria à Fraternidade o reconhecimento oficial que ela merece.

Mas esses sucessores viram a madeira, e não a árvore. Como está a Roma de hoje, se não casada com a nova religião da Pachamama e do Vaticano II e soldada a ela? E o que foi a Fraternidade do Arcebispo senão um bastião da verdadeira Fé que deveria ser defendida pela formação de verdadeiros sacerdotes para dar continuidade à verdadeira religião católica como era antes do Vaticano II? O confronto foi direto, porque a mudança de religião foi radical. Portanto, se a Roma de hoje concedeu – ou concede – qualquer coisa à Fraternidade, isso é algo que só é possível se a Fraternidade baixa sua guarda. Assim, a oficialização dos matrimônios e das confissões da Fraternidade fez muito para desarmar a resistência da Fraternidade à Roma oficial, e através da Roma oficial à sua religião conciliar e à apostasia mundial.

O que os sucessores do Arcebispo não compreenderam, como o Arcebispo compreendeu bem, é a amplitude e a profundidade sobrenaturais dessa apostasia. Eles estão muito perto dela. Eles estão muito perto do mundo moderno, do qual ela brota. É por isso que eles procuram respostas humanas para um problema que só pode ter uma solução divina. O problema está muito além dos cálculos, das manobras ou da política dos homens, inclusive dos clérigos.

Como Daniel, os homens devem voltar-se para Deus e, para voltarmos para Deus, devemos passar por Sua Mãe, como Deus deixou claro em Fátima em 1917, exatamente quando o problema moderno estava surgindo em toda a sua força, com a Revolução Comunista na Rússia. De fato, Deus nos deu a solução sobrenatural no momento em que o Diabo deve ter pensado que estava realmente ganhando, e essa solução é a Consagração (não a secularização) da Rússia (não de todo o mundo) ao Imaculado Coração de Maria (nem mesmo ao Sagrado Coração) pelo Papa (não pelas autoridades de nenhuma outra religião que não seja a católica) em união com todos os Bispos católicos do mundo (e não apenas pelo Papa). Aqui está como a Igreja sairá do seu túmulo. E é somente dessa maneira, porque Sua Mãe disse isso. Que a Fraternidade exorte todos os seus sacerdotes e seguidores a praticarem intensamente os primeiros sábados, a fim de que contribua para que haja a Consagração.

Kyrie eleison.

Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo.