Defensor da Verdade Católica.
Quem como Deus!Viva realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Maria Rainha
A VISIBILIDADE DA IGREJA E A SITUAÇÃO ATUAL
Não Morro entro na Vida.
Santa Teresinha.
http://www.beneditinos.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17:a-visibilidade-da-igreja-e-a-situacao-atual-&catid=3:dom-marcel-lefebvre&Itemid=59
Apresentamos aqui alguns extratos de
uma conferência de Dom Marcel Lefebvre. A dita conferência tem várias
qualidades. Além de tratar com profundidade da questão da visibilidade
de Igreja em meio à crise terrível que atravessamos, traz o pensamento
autêntico de Dom Marcel Lefebvre, tal como ele o expôs aos seus padres
pouco tempo depois de Dom Gérard Calvet ter feito seu acordo com o
Vaticano, respondendo a alguns argumentos teológicos que este
desenvolveu numa publicação do jornal Présent do dia 18 de agosto de
1988. Mesmo se em determinadas cartas, como é natural, S. Exa. tenha
falado com maiores cuidados na esperança de mover os adversários a
compreender e aceitar a Tradição, não resta dúvida de que seu pensamento
estava longe de aceitar o Vaticano II ou a Missa de Paulo VI. Dom
Lefebvre responde, assim, com antecedência aos argumentos que tentam
justificar a atual posição de Campos. Nossa tradução é tirada da revista
Fideliter 66 de novembro/dezembro de 1988, p. 27-31).
Dom Marcel Lefebvre
Meus caros Padres,
Penso que vós que saístes dos seminários e que, estais agora
exercendo o ministério e que desejastes guardar a Tradição, vós que
desejastes ser padres para sempre, como foram os santos padres de
outrora, todos os santos vigários e os santos sacerdotes que nós mesmos
pudemos conhecer nas paróquias. Vós continuais e representais
verdadeiramente a Igreja Católica. Acredito que é necessário
convencer-vos disso: "representais verdadeiramente a Igreja Católica".
A Igreja Visível
Não quero dizer que inexista Igreja fora de nós; não se trata disso.
Mas há pouco tempo, disseram-nos que é necessário que a Tradição entre
na Igreja visível. Penso que se comete aí um erro muito grave.
Onde está a Igreja visível? A Igreja visível é reconhecida pelos
sinais que ela sempre deu de sua visibilidade: ela é una, santa,
católica e apostólica.
Eu vos pergunto: onde estão os verdadeiros sinais da Igreja? Estão
eles na Igreja oficial (não se trata de Igreja visível, mas da Igreja
oficial) ou conosco, no que representamos, no que somos? É evidente que
somos nós que guardamos a unidade da fé, que desapareceu da Igreja
oficial. Um Bispo acredita nisso, outro já não acredita, a fé é diversa,
seus catecismos abomináveis estão cheios de heresias. Onde está a
unidade da fé em Roma?
Onde está a unidade da fé no mundo? Fomos nós que a guardamos. A
unidade da fé espalhada no mundo inteiro é a catolicidade. Ora, esta
unidade da fé no mundo inteiro, não existe mais, não existe mais
catolicidade. Existem tantas Igrejas católicas quantos Bispos e
Dioceses. Cada um possui sua maneira de ver, de pensar, de pregar, de
fazer seu catecismo. Não existe mais catolicidade.
E a Apostolicidade? Eles romperam com o passado. Se eles fizeram
algo, foi exatamente isso. Eles não desejam mais o que é anterior ao
Concílio Vaticano II. Vede o Motu proprio do Papa que nos condena, ele
diz muito bem: "a Tradição viva é o Vaticano II": não se deve reportar
mais a fatos anteriores ao Vaticano II, isso não significa nada. A
Igreja guarda a Tradição de século em século. O que passou passou,
desapareceu. Toda a Tradição encontra-se na Igreja de hoje. Qual é esta
Tradição? A que ela se liga? Como ela se liga ao passado?
É o que lhes permite dizer o contrário do que foi dito outrora,
sempre pretendendo que somente eles guardaram a Tradição. É o que nos
pede o Papa: que nos submetamos à Tradição viva. Nós possuiríamos um
conceito equivocado de Tradição, visto que ela é viva e evolutiva. Mas,
isto é o erro modernista: o Santo Papa Pio X, na encíclica Pascendi,
condenou estes termos: "Tradição viva, Igreja viva, fé viva", etc, no
sentido que os modernistas os entendem, ou seja, da evolução que depende
das circunstâncias históricas. A verdade da Revelação, a explicação da
Revelação, dependeria das circunstâncias históricas.
A Apostolicidade: nós nos vinculamos aos Apóstolos pela autoridade.
Meu sacerdócio vem através dos Apóstolos; vosso sacerdócio vem através
dos Apóstolos. Nós somos filhos daqueles que nos deram o episcopado.
Nosso episcopado descende do Santo Papa Pio V e através dele chegamos
até aos Apóstolos. Quanto à Apostolicidade da fé, nós cremos na mesma fé
que foi a dos Apóstolos. Nós não mudamos nada e nem queremos mudar
nada.
E enfim, a santidade. Não nos faremos louvores e cumprimentos. Se não
quisermos considerar a nós mesmos, consideremos os outros, e
consideremos os frutos de nosso apostolado, os frutos vocacionais, de
nossas religiosas e também dentro das famílias cristãs. Boas e santas
famílias cristãs germinam, graças a vosso apostolado. É um fato, ninguém
o pode negar. Mesmo nossos visitantes progressistas de Roma constataram
a boa qualidade de nosso trabalho. Quando Mons. Perl disse às irmãs de
Saint-Pré e às irmãs de Fanjeaux que é com base como a delas que se
deverá reconstruir a Igreja, não é um pequeno elogio.
Tudo isso mostra que somos nós que possuímos os sinais da Igreja
visível. Se ainda existe uma visibilidade da Igreja hoje em dia, é
graças a vós. Estes sinais, não se encontram mais nos outros. Não existe
mais neles unidade da fé; ora, é precisamente a fé que é a base de toda
a visibilidade da Igreja.
A catolicidade é a fé no espaço. A Apostolicidade é a fé no tempo, e a
santidade é o fruto da fé, que se concretiza nas almas pela graça do
bom Deus, pela graça dos sacramentos. É completamente falso
considerar-nos como se não fizéssemos parte da Igreja visível. É
inacreditável. É a Igreja oficial que nos rejeita, não somos nós que
rejeitamos a Igreja, longe de nós. Ao contrário, nós estamos sempre
unidos à Igreja romana e mesmo ao Papa, evidentemente, ao sucessor de
Pedro. Penso que devemos ter esta convicção para não cair nos erros que
estão sendo espalhados agora.
Sair da Igreja?
Evidentemente, poderão objetar-nos: “Deve-se, obrigatoriamente, sair
da Igreja visível para não perder sua alma, sair da sociedade dos fiéis
unidos ao Papa?”
Não somos nós, mas os modernistas que saíram da Igreja. Quanto a
dizer "sair da Igreja VISÍVEL" é equivocar-se assemelhando Igreja
oficial e Igreja visível.
Nós pertencemos à Igreja visível, à sociedade dos fiéis sob a
autoridade do Papa, pois, não recusamos a autoridade do Papa, mas o que
ele faz. Nós reconhecemos que o Papa tem autoridade, mas quando ele a
usa para fazer o contrário daquilo que lhe é facultado fazer, é evidente
que não podemos segui-lo.
Sair, portanto, da Igreja oficial? Em uma certa medida, sim,
evidentemente. Todo o livro de Jean Madiran, A Heresia do século XX, é a
história das heresias dos Bispos. É necessário, portanto, que saiamos
do meio destes Bispos, se não desejamos perder nossa alma.
Mas isso não é suficiente, posto que é em Roma que a heresia se
instalou. Se os Bispos são heréticos (mesmo sem tomar este termo no
sentido e com as conseqüências do direito canônico), não é sem a
influência de Roma.
Se nós nos distanciamos deste tipo de gente, é com a mesma precaução
que se toma para com as pessoas que estão com AIDS. Não queremos nos
contaminar. Ora, eles estão com AIDS espiritual, uma doença contagiosa.
Se quisermos guardar a saúde, não devemos aproximarmo-nos deles.
Sim, o liberalismo e o modernismo se introduziram no Concílio e no
interior da Igreja. São idéias revolucionárias e a Revolução, que
encontrávamos na sociedade civil, passou para dentro da Igreja. O
Cardeal Ratzinger não mais esconde esse fato: eles adotaram as idéias
não da Igreja, mas do mundo e eles acham que devem fazê-las entrar na
Igreja.
Ora, as autoridades não mudaram sequer uma vírgula de suas idéias
sobre o Concílio, o liberalismo e o modernismo. Eles são a
anti-Tradição, Tradição como a Igreja compreende e como entendemos. Essa
noção não entra no conceito deles. Pois sendo o conceito deles
evolutivo, eles são contra essa Tradição fixa, na qual nós nos mantemos.
Estimamos que tudo aquilo que nos ensina o catecismo nos vem de Nosso
Senhor e dos Apóstolos e que nada mudou. Isto é claro. As três partes do
catecismo nos vêm de Nosso Senhor. Por que mudá-las? Nós não podemos
evoluí-las. O Credo, os Mandamentos de Deus, os meios de nos salvar, os
Sacramentos, o Santo Sacrifício da Missa e a oração, tudo isso, vem
diretamente de Nosso Senhor. Tudo isso, é nosso catecismo, que nos é
dado, geralmente, com nosso batismo, que nos é colocado entre nossas
mãos. Tudo isso é nosso estatuto, desde o momento que Nosso Senhor
desejou que todos fossem batizados, que todos adotassem o Credo, o
Decálogo, os Sacramentos que Ele instituiu, bem como o Santo Sacrifício
da Missa e as orações. Para eles, não, tudo isso evolui e evoluiu com o
Vaticano II. O fim atual da evolução é o Vaticano II. É por isso que nós
não podemos nos ligar a Roma. Teria sido possível, se tivéssemos podido
nos proteger completamente como, de fato, pedíamos. Mas eles não
quiseram. Eles recusaram os membros que pedíamos para a comissão, eles
recusaram o número de Bispos que pedíamos, recusaram o número de Bispos
que eu lhes apresentei. Estava claro: eles não queriam que estivéssemos
protegidos. Eles queriam ter-nos diretamente debaixo de seus golpes e
poder, assim, impor-nos esta política anti-Tradição da qual eles estão
imbuídos.
Roma não mudou
Um exemplo mostra-nos que nada mudou no espírito dos que estão em
Roma: em 1º de maio (1988), em Veneza realizou-se um importante
congresso sobre a liberdade religiosa nas atuais situações políticas.
Esse congresso foi dirigido pelo reitor da Universidade de Latrão, Mons.
Pierre Rossano, famoso por suas idéias liberais, e Mons. Pavan, que é o
autor de, praticamente, todos os documentos sociológicos publicados
desde o Papa João XXIII, de todos os documentos que dizem respeito à
sociedade. As encíclicas dos Papas João XXIII, Paulo VI e João Paulo II
foram praticamente redigidas por ele. É o grande pensador do Vaticano.
Foram estes dois prelados que fizeram e dirigiram essa reunião de
Veneza sobre a liberdade religiosa dentro das situações políticas. É
muito interessante notar o que eles dizem a respeito da liberdade
religiosa: "Mudança da concepção da liberdade religiosa". Eles não se
escondem. Eles falam da influência da Segunda Guerra mundial. Eles
buscam motivações longínquas: já sob Pio XII realiza-se uma tomada de
consciência da liberdade religiosa, realizada na tragédia da Segunda
Guerra mundial. Isso permitiu, para utilizar uma frase estereotipada, A
PASSAGEM DO DIREITO DA VERDADE AO DIREITO DA PESSOA.
Examinemos um pouco melhor essa frase. O direito da verdade nos
ensina que existe a liberdade da verdadeira religião, mas que o homem
não possui a liberdade de escolher a sua religião, de escolher a
verdade. Somos feitos e criados com inteligência e vontade livres, não
resta a menor dúvida, mas essa liberdade só deve servir para nos fazer
aderir à verdade e não a outra coisa. Pois um laço fundamental,
essencial, une a liberdade e a verdade. Romper este laço para dizer: a
partir de agora, compreendemos que não se trata mais de ligar liberdade
com verdade, mas liberdade e natureza humana, é um erro fundamental.
Nossa própria natureza, com a inteligência e a vontade, é feita para
aderir à verdade. E, eis que agora (e os autores do congresso de Veneza o
escreveram em seus relatórios) suprime-se o direito da verdade (que é o
laço que por natureza une o sujeito à verdade) para colocar em seu
lugar o direito da pessoa, um direito inteiramente independente. Esse
direito estaria fundado sobre a natureza, mas considerada dentro de sua
dignidade de sujeito livre, ou seja, autônomo e sem laços. E os ditos
autores precisam que isso deve ser particularmente verdadeiro em matéria
religiosa, que trata da orientação da vida. É preocupante. Como se
pudéssemos mudar coisas tão profundas na natureza. Deus nos criou para a
verdade, Ele não nos deu a liberdade para escolhermos o erro. Não é
possível. Não temos o direito ao erro. Ora, praticamente, é a isto que
conduz a liberdade religiosa: permitir à natureza de escolher livremente
a sua verdade, é dar-lhe direito ao erro.
E, segundo essa teoria, todos os países deveriam aceitar isso, sem se
lhe opor no limite da ordem pública. Mas a ordem pública é muito
extensa! Estas sociedades deveriam aceitar o ecumenismo, a laicização
dos estados, a liberdade de culto. Elas deveriam reconhecer como
diretivas tudo aquilo que o homem pode retirar de si mesmo, as idéias
que puderem conceber, os conceitos religiosos forjados por eles mesmos.
Depois da afirmação da liberdade religiosa, eles reafirmam o
princípio absolutamente revolucionário da Declaração dos Direitos do
homem. É verdadeiramente um princípio satânico: "non serviam", “eu não
quero servir”, não quero ser submisso à verdade. Mas se Deus nos impõem
uma verdade, assim será. "Aquele que não crer será condenado". Que
exista a tolerância religiosa pelo fato das pessoas enganarem-se, é
admissível, mas o princípio da liberdade religiosa não existe e não pode
existir.
Eu tinha que vos dizer isso, para que vejais bem, que Roma não mudou
em nada. Não é uma acusação vazia, mas retirada dos relatórios oficiais
da reunião de Veneza, que aconteceu recentemente: 1º de maio. O reitor
da universidade de Latrão é a cabeça de toda a formação universitária da
Igreja de Roma. São os representantes oficiais de Roma. E eis o que
eles reafirmam. Nada mudou. Não podemos seguir pessoas como estas. São
erros graves, profundos.
Aconteça o que acontecer, devemos continuar, e o bom Deus nos mostra
que seguindo esta via nós cumprimos o nosso dever. Não negamos a Igreja
Romana. Não negamos a sua existência, mas não podemos seguir suas
diretivas. Não podemos seguir os princípios do pós-Concílio. Nós não
podemos ligar-nos a eles.
Só existe uma Igreja,... a Igreja conciliar!
Percebo a vontade de Roma de nos impor suas idéias e suas maneiras de
ver. O Cardeal Ratzinger sempre me diz: "Mas Excelência, existe apenas
uma Igreja, não se deve fazer uma Igreja paralela". Qual é esta Igreja,
para ele? A Igreja conciliar, é evidente. Quando ele nos disse
explicitamente: "Evidentemente, se lhe damos, neste protocolo, alguns
privilégios, o senhor deve, também, aceitar o que fazemos; e
conseqüentemente, na Igreja São Nicolas-du-Chardonnet deve-se celebrar
uma Missa Nova todos os domingos", vós bem vedes que eles querem nos
arrastar para a Igreja conciliar. Isso não é possível, pois, é claro que
eles querem nos impor essas novidades para acabar com a Tradição. Eles
não concederão nada por estima pela liturgia tradicional, mas,
simplesmente, para enganar aqueles a quem eles o oferecem e para
diminuir nossa resistência, encontrar uma brecha no bloco tradicional
para destruí-lo. É a política deles, sua tática consciente. Eles não se
enganam, e vós conheceis a pressão que eles fazem. Entre vós, alguns já
foram pressionados pelo Bispo ou por outrem para deixardes a Tradição.
Eles fazem esforços consideráveis em todos os lugares.
As irmãs de Saint-Pré foram visitadas pelo Pe. Philippe que tentou
doutriná-las. Mas vos asseguro que ele não foi recebido de braços
abertos. O Bispo de Carcassonne ofereceu amizade e compreensão para com
as irmãs de Fanjeaux e ao nosso Pe. Pozzera. E o bispo também foi
devidamente convidado a se retirar. Mas eles continuam. Eles voltarão. O
Pe. Innocent-Marie telefonou-me recentemente e me disse que ele estava
sendo vítima de pressões do Bispo de Angers. Agora eles não cessarão de
tentar nos capturar. É verdadeiramente incrível essa guerra movida
contra a Tradição. [...]
Penso que se deve evitar tudo aquilo que puder manifestar, por meio
de expressões muito duras, nossa desaprovação àqueles que nos deixam.
Não devemos enchê-los de epítetos que podem ser vistos como injuriosos.
Isso de nada nos serve, pelo contrário. Pessoalmente, sempre tive essa
atitude para com aqueles que nos deixam - e Deus sabe quantas vezes isso
aconteceu durante a história da Fraternidade; a história da
Fraternidade é quase que a história das separações - Sempre tive como
princípio: não mais ter relações, acabou. Eles nos deixaram, eles irão a
outros pastores, a outros rebanhos: nenhuma relação mais. Tanto aqueles
que partiram como "sedevacantistas" quanto aqueles que nos deixaram por
não sermos suficientemente papistas, todos tentaram engolfar-nos em uma
polêmica. Eu nunca respondi uma palavra. Rezo por eles, é tudo. [...]
Não Morro entro na Vida.
Santa Teresinha.