QUESTÕES DE FÁTIMA
Para uma mente aberta, Deus dá as provas,
Mas a verdade é estranha à humanidade de hoje.
Um leitor envia-nos algumas questões interessantes relativas às aparições de Nossa Senhora em Fátima, em 1917.
1. Pelo que sabemos, seis eminentes católicos anglófonos do século XX parecem ter dado pouca ou nenhuma atenção às importantíssimas aparições de Fátima: Belloc, Chesterton, o Pe. Peyton, o Bispo Fulton Sheen, Tolkien e Evelyn Waugh. Será que existe alguma explicação para isto?
Antes de mais nada, os homens modernos, que incluem o clero católico, nascem e são criados no materialismo e no racionalismo, o que significa que qualquer coisa que não seja material, ou que supere as suas faculdades humanas de raciocínio, dificilmente consegue ser levada a sério. Mas as aparições celestiais, como as de Nossa Senhora de Fátima, são essencialmente espirituais, não materiais, e superam de longe a mera razão humana quanto à sua origem ou ao seu conteúdo. Segue-se que poucos habitantes “sérios” do mundo atual, inclusive os clérigos, se inclinam a levar a sério as “aparições de Nossa Senhora”. Não se queixou Ela mesma, entre as duas Guerras Mundiais, que até mesmo as almas boas não estavam dando atenção à sua mensagem de Fátima? E, depois da Segunda Guerra Mundial, não estavam os próprios clérigos, enquanto preparavam o Vaticano II para mudar a própria religião de Deus, a partir de 1960, procurando sufocar aquela Fátima que falava em favor da verdadeira religião? E se foi esse o exemplo dado pelos clérigos, será tão surpreendente que até os bons leigos tenham negligenciado Fátima?
2. Além disso, se outras aparições marianas posteriores a Fátima são genuinamente do Céu, como, supostamente, Garabandal e Akita, porque é que as suas mensagens não condenam explicitamente ameaças tão grandes à fé dos católicos como a Missa Nova e a Neoigreja, ou seja, a Igreja Conciliar?
“Omne malum a clero”, diz um velho ditado da Igreja – todo o mal vem do clero. Esta não é toda a verdade, mas diz muito da verdade, que remonta a Judas Iscariotes. Ao longo de toda a história da Igreja, os maus sacerdotes têm sido as principais causas do mal no mundo e na Igreja, e as almas devem ser adequadamente advertidas. Mas se Nossa Senhora deseja advertir as almas contra os sacerdotes que fazem o mal, Ela tem de encontrar um equilíbrio delicado entre denunciar os malfeitores e proteger de maiores danos o próprio sacerdócio do Seu Filho. Por exemplo, em Garabandal, Ela disse que “a Eucaristia está sendo negligenciada”, o que é acertar em cheio sem culpar nenhum sacerdote em particular. Mas, em 1965, Ela também chegou ao ponto de dizer: “Muitos Cardeais, Bispos e Padres estão no caminho da perdição, e levando muitas almas consigo”. Poderia a advertência ter sido mais clara e precisa para o ano do encerramento do Concílio Vaticano II? O problema não é que Ela não se pronuncie. O problema é que especialmente os neoclérigos não querem ouvir.
3. Mas a Missa Nova é um horror – como é que Ela não pode estar advertindo explicitamente contra aquela, se é realmente Nossa Senhora?
Tenha em mente que é irrefutável a evidência de que ainda existem milagres eucarísticos realizados por Deus com hóstias consagradas na Missa Nova por um sacerdote ordenado no Rito Novo por um Bispo sagrado no Rito Novo. Procure na “Internet”, por exemplo, o milagre eucarístico que ocorreu em Sokulka, na Polônia, em 2008. Quando Deus quer que acreditemos, é evidente que Ele fornece as provas necessárias. No tocante a essas provas, Ele nos deu as nossas mentes, e não as nossas emoções, para julgar. Com esses milagres, ainda hoje, Deus deve estar querendo advertir os Seus pastores sobre o que eles estão fazendo de mal, e ao mesmo tempo reassegurar as Suas ovelhas sobre a forma como Ele continua a alimentá-las, mesmo com a Missa Nova. Como poderia Nossa Senhora condenar abertamente o que o Seu divino Filho ainda continua dignando-se a usar para a alimentar as almas?
4. Será que o fracasso das aparições em condenar tais perigos para a Fé sugere que essas não sejam autênticas?
Não. A autenticidade é uma questão de verdade, e a verdade é uma questão de evidência, que é anterior inclusive ao juízo da Igreja, embora a aprovação da Igreja deva ser de grande ajuda para discernir a verdade. Mas não é a aprovação da Igreja que faz a verdade. Simplesmente faz com que os católicos assumam (normalmente) a verdade.
Kyrie eleison.