domingo, 8 de fevereiro de 2015

08 de fevereiro dia de São João da Mata, Confessor.


  São João da Matha, o grande fundador da Ordem dos Trinitários, nasceu em 1152, em Francon, cidade do sul da França. Os pais, igualmente distintos pela virtude e descendência, consagraram o recém-nascido à SS. Virgem. Menino ainda, João mostrava grande amor à oração e aos pobres. O dinheiro que dos pais recebia para os modestos divertimentos, repartia-o entre os pobres. Nos dias santos, seu passeio predileto era ao hospital, onde servia aos doentes, fazia curativos e prestava outros serviços de enfermeiro. Com distinção terminou os estudos em Paris. À ciência ligava grande virtude e piedade, motivo por que o Arcebispo de Paris não pôs dúvida em ordená-lo sacerdote.

Durante a celebração da primeira Missa apareceu-lhe um anjo do céu, que trazia um hábito branco, com uma cruz vermelha e azul no peito e estendia seus braços sobre dois cativos algemados, um cristão e um mouro. João viu nisto um aviso de Deus e tomou a resolução de dedicar suas energias à obra de libertação dos cristãos, que gemiam sob o jugo da escravidão dos infiéis. O Plano de João da Matha, obedecia a um duplo fim: libertar os cristãos da escravidão e salvar as almas, que em contato com povos infiéis, corriam risco de perder-se. Antes de por em execução este plano, foi ter com São Félix de Valois, pobre eremita, que morava perto de Meaux e cuja santidade por todos era conhecida. Felix acolheu-o com muita satisfação, mas logo percebeu que o hóspede, longe de ser principalmente na vida religiosa, era mestre abalizado, e nesta qualidade o aceitou não como discípulo, mas como companheiro, que Deus lhe tinha mandado. Nos três anos, que assim viveram, na mais perfeita harmonia e em práticas de virtudes heróicas, muitas vezes se ocupavam do plano de João da Matha, que não podia ser senão fruto de inspiração divina.
Em contínuas e ardentes orações pediram as luzes do Espírito Santo para uma obra tão nobre, e ao mesmo tempo dificílima de ser posta em prática. Em 1197 se dirigiram a Roma para, em audiência particular, apresentar-se ao grande Papa Inocêncio III. Este os recebeu com muitas honras e aprovou-lhes o instituto. Deu-lhes, como distintivo da nova Ordem, um hábito branco, com uma cruz azul-vermelha no peito. Aludindo a estas três cores, deu-se-lhes o nome de Trinitários ou Irmãos da Ordem da SS. Trindade. Aprovada a obra, João foi nomeado primeiro Geral da Ordem. O Bispo de Paris, junto com o Abade de São Vitor, foram incumbidos da elaboração da regra, que teve a aprovação pontifícia em 1198.

João construiu o novo convento em Cerfroid. A afluência de jovens a esta nova instituição era considerável, e João deu-lhes um novo superior, na pessoa de São Felix de Valois. Não conseguindo ele próprio o consentimento do Papa para trabalhar no meio dos infiéis, em breve mandou missionários. Dois dos mesmos libertaram cento e oitenta e seis cristãos, que foram em triunfo levados a Paris. Este brilhante resultado despertou de tal forma o entusiasmo de João da Matha, que renovou o pedido perante o Papa, de lhe ser permitida a viagem à África. Desta vez mais bem sucedido, partiu imediatamente para África onde resgatou grande número de cristãos. Em 1210 fez segunda viagem a Tunis e grandes foram os tormentos e provações, a que os maometanos o sujeitaram. O zelo que o animava, contraiu-lhe um ódio mortal do infiéis, que de tal modo o maltrataram, que o deixaram meio morto, banhado em sangue nas ruas de Tunis. Neste martírio João se julgava feliz de poder sofrer pela causa de Deus. Logo que recuperou as forças, reuniu todos os cristãos resgatados, e embarcou-os num navio que os devia levar a Roma. Os bárbaros, porém, foram-lhes ao encalço, apoderaram-se do navio, quebraram-lhe o leme, rasgaram as velas, tudo isto para impossibilitar o desembarque dos cristãos. João, porém não se deixou intimidar. Cheio de confiança em Deus, substituiu as velas pelo seu manto, tomou o Crucifixo e pediu a Deus que dirigisse o navio. Maravilhoso feito produziu este recurso, inspirado pela fé.

Em poucos dias o navio, contra toda a expectativa, chegou a Ostia. Nos últimos anos de vida, João percorreu a Itália, França e Espanha, despertando por toda a parte um vivo interesse pela triste sorte dos cristãos na África. Deus moveu os corações dos ricos, que concorreram com avultadas somas para a realização de uma obra tão generosa e cristã, como era a libertação dos cristãos das mãos dos maometanos. A Ordem desenvolveu-se rapidamente, e tornou-se necessária a fundação de novos conventos.

João, outra vez chamado pelo Papa a Roma, lá fora incansável no serviço da caridade: Deus abençoou-lhe o apostolado de tal modo, que milhares de pecadores, entre estes os mais contumazes, se converteram a uma vida exemplar.

João da Matha morreu em 1213, na idade de 61 anos, tendo a consolação de ver a Ordem espalhada e conhecida em todo o mundo. O corpo foi depositado na Igreja do seu convento em Roma, e mais tarde trasladado para Espanha. Canonizado por Inocêncio XI, a festa de São João da Matha foi marcada para o dia 8 de fevereiro.