Por Non Possumus
Traduzido por Andrea Patricia
"A mentira só é um vício
quando faz mal; quando faz bem é uma grande virtude. Sejam então mais
virtuosos do que nunca. É necessário mentir como um demônio, sem
timidez, não pelo momento, senão intrepidamente, para sempre" (Voltaire).
Os inimigos da Resistência têm dito
frequentemente esta mentira, que como vem sendo repetida uma e outra
vez, pode ser eficaz e vir a enganar a alguns incautos:
"Todos sabem que Dom Fellay quer fazer um acordo com Roma.
E os Bispos da falsa 'Resistência'?
Dom Williamson disse que 'pegaria o primeiro avião para Roma'.
Dom Faure disse que iria a Roma com Dom. Williamson.
Dom Tomás também disse que iria a Roma.
E então?
Então os quatro querem o mesmo! Os quatro estão dispostos a ir a Roma".
Os
Bispos da falsa 'Resistência' querem nos levar, ainda que por caminhos
diferentes, ao mesmo ponto que Dom Fellay: ao acordo com Roma.
Todos são liberais! Todos são traidores!".
I. DOM WILLIAMSON.
A citação foi extraída de uma conferência dada por ele em Post Falls, Idaho, EUA, em junho de 2014. O Bispo pergunta: “Eu posso exercer autoridade?” E responde:
“...Nos tempos de Dom Lefebvre,
os sacerdotes pertenciam à Fraternidade do Arcebispo, sua própria
Fraternidade. Não era minha a Fraternidade, eu não a fundei, nunca fui
superior; salvo no Seminário, nunca fui o Superior.
“No que diz respeito a mim, minha relação com os sacerdotes [da Resistência]
é mais ou menos como a relação do Arcebispo com os sacerdotes que não
pertenciam à Fraternidade: amizade, contatos, conselho, apoio, confirmar
suas crianças (isso é o que eu estou fazendo aqui), mas nada mais que
isso. Eu não tenho autoridade. Eu não tenho autoridade. Tenho as
Ordens que o Arcebispo me deu, mas as Ordens não são o mesmo que
Jurisdição.
“Quando o Arcebispo consagrou os quatro bispos em 1988, disse num sermão ‘não estou dando jurisdição a estes quatro, somente estou lhes dando as Ordens’, que é a Consagração. Se quisesse ter-nos dado jurisdição,
estaria criando outra Igreja, teria-se autonomeado Papa. O Arcebispo
estava muito consciente do limite de sua autoridade. O que fez foi
heroico, mas era muito limitado, pelo fato de não ter sido autorizado pelo Papa.
“Agora, o Arcebispo tinha certa
medida de autoridade sobre os sacerdotes de sua própria Fraternidade.
Mas eu não fundei nenhuma Fraternidade; se fundasse uma sem a permissão de Roma, estaria fazendo algo por minha conta. Eu não tenho autoridade. Eu não posso ter autoridade. Amizade, contatos, conselho, apoio: não há problema. Autoridade: há problema.
É um problema que vem do Papa, eu não posso fazer nada. Na realidade da
situação atual, vamos da teoria para a realidade. Na realidade, podem
imaginar que mandar nos padres Resistentes é como reunir gatos [brincando].
Podem imaginar isso? É imaginável? Em tal caso, vale a pena tentar, ou
se está destinado ao fracasso? Seria melhor não tentar do que tentar e
fracassar. Alguns de vocês podem pensar que seria melhor tentar, porque
poderia haver êxito. Eu não tenho a autoridade.
“Se...se...se...por algum
milagre, o Papa Francisco me chamasse na próxima semana e dissesse: –
‘Excelência, o senhor e eu tivemos nossas divergências, mas neste
momento eu o autorizo a fundar uma Fraternidade. Siga em frente, pelo
bem da Igreja’. – ‘Santo padre, posso ter isso por escrito? Importa-se
de ir a Roma e obter sua assinatura?’
– ‘Sim, claro’. ‘Muito bem, então pegarei o próximo avião para Roma. Estarei no próximo avião para Roma!’
Mas sem isso, somos um bote sem remos. E essa não é a solução. Então, no que chamamos de movimento da Resistência, terão um problema de autoridade. Acostumem-se à ideia. Mas pensem também que a autoridade
é secundária comparada a Fé. E pensem que no movimento da resistência
em seu conjunto, o movimento da Resistência foi criado para a Fé. Pela
Fé. Foi criada pela Fé”.
O Bispo não disse que iria a Roma
para fazer um acordo. Ninguém que tenha um mínimo de honestidade
intelectual pode afirmar que as palavras citadas podem deduzir que Dom
Williamson deseja um acordo com Roma. O que ele diz é que carece de jurisdição ordinária,
o que é absolutamente verdadeiro, e que por isso não vai fundar nenhuma
nova Fraternidade para organizar a Resistência. Acrescenta que fundaria
uma nova Fraternidade se "por um milagre" contasse com a
permissão de Roma. Não esqueçamos que Dom Lefebvre fundou a FSSPX com
todas as autorizações da hierarquia liberal.
Pode-se objetar ao Bispo que para fundar uma congregação não necessita de jurisdição ordinária porque lhe basta a jurisdição de suplência,
mas pretender que essas suas palavras o transformam num liberal e
traidor que trama um acordo com Roma, é claramente uma mentira.
II. DOM FAURE.
II. DOM FAURE.
a) Lê-se na entrevista concedida pelo então Pe. Faure em 18 de março de 2015:
“(...) – Quais, em sua opinião, devem ser as condições requeridas para fazer um acordo com Roma?”
– “Dom Lefebvre nos disse que enquanto não haja uma mudança radical em Roma, um acordo é impossível,
porque essas pessoas não são leais, e não se pode querer transformar os
superiores. É o gato que come o rato, e não o rato que come o gato. Um
acordo equivaleria a entregar-se nas mãos dos modernistas, e por
conseguinte, se deve ser rejeitado absolutamente. É impossível. Há de se
esperar que Deus intervenha.”
– “Pode dizer-nos o que pensa das
visitas de avaliação de diversos prelados modernistas aos Seminários da
Fraternidade? É verdade que alguma vez Dom Lefebvre recebeu alguns
prelados. Qual a diferença agora?”
– “Se tratava de visitas
excepcionais, nas quais o Cardeal Gagnon nunca teve a possibilidade de
defender o concílio; enquanto que agora se trata dos primeiros passos
para a reintegração (da FSSPX) na igreja conciliar.”
– “Qual a sua opinião sobre um eventual reconhecimento unilateral da FSSPX por parte de Roma?”
– “É uma armadilha.”
– “Entre o capítulo de 2006 e a
crise iniciada em 2012 observa-se uma mudança de atitude das autoridades
da FSSPX com respeito a Roma. A que se deve essa mudança?”
– “À decisão dos superiores de reintegrarem-se à igreja conciliar.
Desde 1994 ou 1995 realizaram-se os contatos do GREC, que foram passos
significativos até a reconciliação, como havia previsto o embaixador
Pérol (representante da França na Itália), que é o inventor do
“levantamento das excomunhões” (2009) e do Motu Próprio (2007). Isto
deveria ter como contrapartida o reconhecimento do Concílio.”
– “Que faria Dom Lefebvre na situação atual?”
– “Seguiria na linha que nos indicou depois das consagrações, descartando totalmente a eventualidade de um acordo.”
– “Se no futuro o senhor fosse convidado para ir a Roma conversar com o Papa, iria? O que lhe diria?”
– “Em primeiro lugar,
consultaria a todos os nossos amigos da Resistência. Iria com Dom
Williamson e outros excelentes sacerdotes que levam o combate da
Resistência com muito valor. E manteria informados todos os nossos
amigos com toda a transparência.”(...).
É evidente que o então Padre
Faure descarta absolutamente ir a Roma para negociar um acordo com os
modernistas. Está claríssimo que descarta totalmente a possibilidade de
um acordo com a Roma liberal.
Na última pergunta citada, diz que
iria a Roma se fosse convidado pelo Papa, porque é óbvio que um Bispo
católico deseje ouvir o que um Vigário de Cristo, por indigno que seja
de tal investidura, queira dizer a ele; e é igualmente óbvio que um
Bispo antiliberal não queira perder uma oportunidade que se apresente
para fazer uma correção fraterna a um Papa liberal.
b) Na entrevista a Dom Faure feita uma semana depois (em 25 de março de 2015), lemos o seguinte:
– “Excelência, pode-nos dizer
algumas palavras sobre a assinatura do protocolo de 1988? O senhor
estava com Dom Lefebvre naqueles dias?”
– “...Penso que quando Dom
Lefebvre assinou esse documento estava em um momento – muito passageiro –
de debilidade, como foi o caso de Santa Joana D´Arc, e, igual a ela,
ele escreveu, depois da ‘pior noite de sua vida’ uma carta de retratação
ao representante do Vaticano, mediante a qual estava anulado o
protocolo. Dom Fellay não se pode valer desse momento de debilidade
retratada para dizer que está imitando a conduta de Dom Lefebvre. ‘Eu
fui longe demais’, diria depois Dom Lefebvre, referindo-se à assinatura
do protocolo. Sobre a diplomacia e sobre seus interlocutores
romanos, Dom Lefebvre não tinha nenhuma ilusão, como fica demonstrado em
muitas de suas declarações e na determinação diplomática que aparece
claramente em sua declaração fundamental de 1974 sobre as duas Romas: a
eterna e a modernista, ou as duas igrejas: a católica e a conciliar. E
Dom Fellay, na medida em que confunde a Roma atual oficial, modernista,
com a Roma eterna; torna-se infiel à Roma eterna, mestra da verdade.
Confunde igreja conciliar – da qual Dom Lefebvre tanto falou – e Igreja
Católica. Para Dom Fellay não há mais que uma só igreja e uma só Roma:
isto é a antítese da postura de Dom Lefebvre...”
...– “Sigamos com o tema do Papa. Na
entrevista anterior, perguntamos ao Padre Faure o que faria se fosse
convidado ao Vaticano pelo Papa Francisco. Agora perguntamos a Dom
Faure: o que diria a Francisco?”
– “Antes de tudo, digo que tal
entrevista é praticamente impossível, já que uma condição sine qua
non seria a presença de Dom Williamson e de outros sacerdotes nossos,
sendo excluído absolutamente qualquer tipo de ‘negociação’ com vistas a
um acordo de qualquer tipo que seja enquanto, como dizia Dom Lefebvre,
não exista uma conversão radical de Roma, aceitando, de fato e de
direito, todas as encíclicas anteriores ao Vaticano II, assim como as
condenações ao liberalismo e ao modernismo que elas contém...
“Eu diria ao Papa: a qual
igreja o senhor pertence, a Igreja Católica ou uma falsificação da
Igreja? Sua função é confirmar na fé seus irmãos. Lembraria a ele estas
palavras de São Paulo: ‘vossa autoridade é para edificar, não para
destruir’ (2 Cor 13, 10); para edificar e não para destruir nem diminuir
a fé e a moral dos católicos. Diria a ele isto também, citando Dom
Lefebvre: ‘O senhor está de acordo com todas as encíclicas anteriores a
João XXIII e com todos estes Papas e com seus ensinamentos? Aceita o
juramento antimodernista? Está a favor do Reinado Social de Nosso Senhor
Jesus Cristo? Se não aceita a doutrina de seus predecessores, é inútil
falar com o senhor’. É porque somos fieis à Roma eterna que nos vemos
obrigados a nos separar da Roma modernista e liberal, atual e oficial.
Não é porque Menzigen esteja se deixando seduzir, que um Dom Williamson
ou eu cairíamos na mesma armadilha...”.
Claríssimo! Assim, onde está dizendo que Dom Faure iria a Roma para fazer um acordo? Em lugar nenhum.
III. DOM TOMÁS DE AQUINO OSB.
Lemos na entrevista de 6 de março de 2016:
– “No ano passado perguntamos a Dom
Faure que faria se fosse convidado ao Vaticano pelo Papa Francisco.
Agora fazemos ao senhor a mesma pergunta. Iria? E o que diria a
Francisco?”
– “Ir a Roma? Só se fosse para
perguntar às autoridades romanas se aceitam Quanta
Cura, Syllabus, Pascendi, etc., mas creio que por agora a resposta já
foi dada e é negativa”.
Dom Tomás, então, iria a Roma somente para fazer uma correção fraterna a Francisco, não para tentar negociar algum acordo.
CONCLUSÃO:
Mentem. Mentem descaradamente os
inimigos da Resistência que colocam em pé de igualdade um traidor
acordista e liberal como Dom Fellay e os três Bispos antiliberais da
Resistência, a quem os hereges romanos consideram excomungados por causa
das sagrações episcopais "ilícitas" nas quais tomaram parte, e que
rejeitam totalmente toda possibilidade de acordo com a Roma liberal.
Esta mentira começou entre os
sedevacantistas, para quem somente o fato de que alguém diga que
aceitaria um hipotético convite para conversar com Francisco, é julgado
como suspeito de liberalismo e de alta traição, dado que para eles
Francisco não é Papa, mas um Antipapa, o Falso profeta apocalíptico, ou
até mesmo o Anticristo.
A partir destes setores
sedevacantistas a mentira de que aqui se trata passou a ser lugar comum
entre os da "Resistência pura e dura", esta que se caracteriza por ser
"antiwilliamson" e, sobretudo, por ser essencialmente farisaica. A esses mentirosos perguntamos: onde há alguma evidência de contatos destes três Bispos com Roma em ordem a um acordo?
***
"Vós sois de vosso pai, o diabo, e
quereis executar os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o
princípio e não se manteve na verdade porque não há verdade nele. Quando
fala mentira, fala de sua própria natureza, porque é mentiroso e pai da
mentira" (João 8, 44).
Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dia Santo Rosário.