domingo, 31 de dezembro de 2023

31 de dezembro dia do Papa São Silvestre, Papa e Confessor.

 


  São Silvestre era natural de Roma e governou a Igreja de Deus do ano 314 a 335.Foi dos primeiros santos não mártires que recebeu culto público.De acordo com o “Liber pontificalis” (ed. Duchesne, I, 170), era filho de um romano chamado Rufinus; segundo a lendária “Vita beati Sylvestri” sua mãe se chamava Justa. Confiaram aos cuidados do sacerdote Cirino, cujo preparo intelectual e exemplo de vida santa fizeram com que o discípulo adquirisse uma formação extraordinariamente sólida cristã. Estava ainda em preparação última, isto é, a décima e de todas as mais bárbaras das perseguições dioclesianas, quando Silvestre, das mãos do Papa Marcelino, recebeu as ordens sacerdotais.Após a morte de Miltiades (Melchiades), Silvestre foi feito bispo de Roma e ocupou o posto por 21 anos. Teve, pois, ocasião de presenciar os horrores desta investida do inferno contra o Reino de Cristo. Pode ele ser e foi testemunha ocular do heroísmo das pobres vítimas do furor desmedido do tirano coroado. Em 314, por voto unânime do povo e do clero foi proposto para ocupar a cadeira de São Pedro, como sucessor do papa Melquíades.
 Com a vitória do cristianismo e a conversão do imperador a conversão de Constantino e do Edito de Milão modificarão os destinos da Igreja. São Silvestre estabeleceu as bases doutrinais e disciplinares, que requeriam a Igreja em um novo contexto social e político em que o cristianismo se tornava a religião oficial do Império Romano. Constantino viu-se o Papa diante da grande tarefa de, por meio das sábias leis, introduzir a religião cristã na vida dos povos, dando-lhe formação concreta e definitiva 
  A paz, infelizmente não foi de longa duração. Duas terríveis heresias se levantaram contra a Igreja, arrastando-a para uma luta gigantesca de quase um século de duração. Foi a dos Donatistas, que tomou grande incremento na África. A Igreja, ensinavam eles, deve compor-se só de justos; no momento em que seu grêmio tolera pecadores, deixa de ser a Igreja de Cristo. O batismo administrado por um sacerdote que em estado de pecado se acha, é inválido. Um bispo, se estiver com um pecado na alma, não pode crismar nem ordenar sacerdotes. Caso que administrar estes sacramentos, são eles inválidos.
  Pior e mais perigosa foi a outra heresia, propalada pelo sacerdote Ario, da Igreja de Antioquia. Doutrinava este heresiarca que Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, faltavam as atribuições divinas; isto é, não era consubstancial ao Pai, portanto não era Deus, mas mera criatura, de essência diversa da do Pai e de natureza mutável.
  Tanto contra a primeira como contra a segunda o Papa Silvestre tomou enérgica atitude. A dos Donatistas foi condenada no Concílio de Arles. O arianismo teve sua condenação no célebre Concílio de Nicéia (325), ao qual compareceram 317 bispos. O Papa Silvestre, já muito idoso pessoalmente não podendo comparecer à grande Assembléia, fez-se nela representar por dois sacerdotes de sua inteira confiança, que em seu lugar presidiram as sessões. Estas terminaram com a soleníssima proclamação dogmática da fórmula: " O Filho é consubstancial ao Pai; é Deus de Deus; Deus verdadeiro de Deus Verdadeiro; gerado, não feito, da mesma substância com o Pai".
  As resoluções do Concílio o Papa Silvestre as assinou. Na presença de 272 bispos foram as mesmas em Roma solenemente confirmadas. Esta cerimônia teve lugar diante da imagem de Nossa Senhora Alegria dos Cristãos, cujo altar, em sinal de gratidão à Maria Santíssima o Papa mandara erigir logo que as perseguições tinham chegado ao seu termo.
  Sobre o túmulo de São Pedro, o Papa, auxiliado pelo imperador, construiu a magnífica basílica vaticana, com suas oitentas colunas de mármore, templo que durante 1100 anos via chegar milhares e milhares de peregrinos provenientes de todas as partes do mundo, ansiosos de prestar homenagens ao "Rochedo", sobre o qual Cristo tinha edificado a sua Igreja - até que deu lugar à atual grandiosa Basílica de São Pedro.
  Durante seu Pontificado, o Papa Silvestre governou a Igreja de Deus dando sobejas provas de prudência e sabedoria, glorificando-a com as virtudes de uma vida santa e apostólica. 

Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Comentários Eleison: LIBERALISMO EM AÇÃO. Por Dom Williamson Número DCCCLV (855) – 2 de dezembro de 2023

 


LIBERALISMO EM AÇÃO

 

Os homens conseguem suprimir a realidade por um tempo,

E, na face de Deus, há somente um sorriso triste e gentil.

 

Um leitor enviou algumas perguntas incisivas sobre a história recente da Igreja, da Fraternidade Sacerdotal São Pio X e do chamado movimento da “Resistência”. Um dia, quando a Santa Madre Igreja voltar a si como ela está discretamente fazendo –, as sombras e as trevas se dissiparão, e a história se abrirá amplamente para a verdade e a caridade. Enquanto isso, aqui está um esboço de algumas respostas.

 

1 Como você pode ser contra uma estrutura para a “Resistência”? Pode algo católico prosperar sem isso?

 

A força da “Resistência” é, em primeiro lugar, a Verdade, e, em segundo lugar, a fragmentação em vários pequenos grupos que resistem à revolução do Vaticano II. Essa revolução dominou rapidamente grande parte da Igreja Católica porque os católicos eram demasiadamente obedientes às autoridades superiores infiéis. Da mesma forma, grande parte da FSSPX rapidamente perdeu as forças em 2012 porque os seus sacerdotes respeitavam demasiadamente a autoridade dos oficiais superiores que queriam reconciliar-se com a Roma apóstata. Essas autoridades não serviam mais à verdadeira Igreja nem à verdadeira Fé, ao contrário do Arcebispo Lefebvre, mas a si mesmas. No caso da Resistência, diferentemente, capturar um pequeno grupo de resistentes não significa necessariamente capturar um segundo grupo. Assim, a sobreviverá até que Deus, em seu tempo, decida restaurar toda a estrutura católica.

 

2 Será que os líderes da FSSPX que foram enganados pelos oficiais romanos apóstatas em meados da década de 1990 foram motivados por ambições pessoais?

 

É possível que isso tenha acontecido, mas pode-se pensar que o problema deles é antes a falta de nos meios de Deus para resolver a crise da Igreja, e o seu excesso de confiança na política meramente humana do Vaticano para resolvê-la. Não compreendendo, diferentemente do Arcebispo, a dimensão divina e pré-apocalíptica da crise mundial, concebem-na em termos relativamente limitados e mundanos, errando completamente o alvo. O Arcebispo Lefebvre, ao contrário deles, estava sempre ponderando sobre um colapso da Igreja em larga escala. O Arcebispo Viganò, ao contrário deles, também reflete constantemente sobre a queda universal da Igreja e do mundo provocada pelo Vaticano II.

 3 evidências claras dessa insuficiência dos líderes da FSSPX no Capítulo Geral de 1994?

 Evidências, sim, mas evidências claras, ainda não. Os participantes daquele Capítulo Geral davam a impressão de serem crianças boazinhas brincando, em vez de guerreiros adultos travando uma batalha gigantesca pela glória de Deus e pela salvação das almas num ambiente altamente perigoso. É necessário ser santo para perceber o mal, disse Gustavo Corção. Os caros e piedosos jovens sacerdotes daquele Capítulo não estavam à altura da gravidade do momento.

 4 Quando, para você, os dois campos de conciliadores e de resistentes da FSSPX se dividiram?

Certamente na década de 1980 os elementos da divisão existiam. Conheço um sacerdote que, em 1982, depois de professar durante cinco anos em Écône, foi enviado para o outro lado do Atlântico durante mais de um quarto de século, muito provavelmente para que fosse tirado do caminho. Os jovens seminaristas precisavam estar preparados para obedecer aos liberais que planejavam assumir o controle da FSSPX do envelhecido Arcebispo. Ele tinha sido maravilhoso em seu tempo, mas, para alguns líderes liberais, estava ficando cada vez mais antiquado devido à sua condenação implacável dos modernistas de Roma, a verdadeira Autoridade da Igreja, que evoluíam constantemente para melhor. Esses líderes liberais da FSSPX não se consideram liberais, pelo contrário. Eles se vêem a si mesmos infiltrando-se na Roma modernista para convertê-la à Tradição Católica. Isso seria possível? Eles não têm ideia de quão profunda e séria é a cruzada dos liberais romanos para destruir a Igreja Católica.

 5 O confronto entre conciliadores e resistentes sempre existiu dentro da Fraternidade Sacerdotal São Pio X?

 Sem dúvida. O Arcebispo Lefebvre costumava dizer-nos que, lendo a história do Pe. Barbier sobre o choque entre o liberalismo e o catolicismo nos séculos XIX e XX, percebeu que a única diferença entre o mesmo confronto antes e depois do Vaticano II era que antes os católicos estavam no comando, que depois passou para os liberais. Enquanto o Arcebispo esteve vivo, o seu magnetismo pessoal manteve a FSSPX católica; mas assim que morreu, em 1991, o magnetismo constante de Roma dirigido aos católicos começou a reafirmar a sua influência. Tenhamos paciência. Deus não será derrotado pelo Diabo, nem pelos anjos caídos, nem pelos clérigos caídos.

 Kyrie eleison.

 Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário.

29 de dezembro dia dia de São Tomas de Cantuária, Mártir.

29/12 Sexta-feira
Festa Feria de Segunda Classe 
Oitava de Natal
 Paramentos Brancos
  Santo Tomás Becket nasceu em Londres, no ano de 1118, filho de um nobre cavaleiro, Gilbert de Londres, e de Matilde, que não parece ter sido filha de um sarraceno chamado Amurat, como referem algumas narrações.
   Filho de nobre, teve uma educação esmerada, primero em Londres, depois em Paris; posteriormente, aperfeiçoou seus conhecimentos jurídicos num dos centros mais conhecidos da época, a cidade de Bolonha, e depois em Auxerre, na França. Já então, seus talentos foram reconhecidos pelo então Arcebispo de Cantuária, Teobaldo, tornando-se Tomás seu conselheiro de confiança. A seu serviço, foi duas vêzes a Roma, resolvendo com eficácia questões difíceis.
   Por influência do mesmo Teobaldo, obteve em 1155 o título de Lord Chanceler do Rei da Inglaterra, Henrique II, e se tornou ainda educador do príncipe herdeiro, o que demonstrava a confiança que o monarca nele depositava. Exercia importantes missões, como a de acertar os desponsais do filho do monarca inglês com a filha do rei da França, para o que foi a este último país, ostentando uma pompa impressionante por onde passava, de tal modo que o povo se perguntava qual seria a pompa e a riqueza do rei, se seu chanceler era assim...
     Mas se exteriormente o chanceler demonstrava um tal luxo e riqueza, o homem de religião (era clérigo), não deixava de cumprir suas obrigações, inclusive levando uma vida de discreta piedade. Sua atividade de defensor dos direitos da coroa fê-lo ganhar prestígio diante do Rei, e quando o Arcebispo de Cantuária morreu, Henrique II pôs os olhos naquele que, pensava seria um dócil instrumento de seus interesses. Em 1162, Henrique II lhe confiou mais uma importante missão, e disse-lhe:

- Serás o novo Arcebispo de Cantuária.

Tomás, sorrindo, mostrou ao Rei suas ricas roupas, dizendo:

- O senhor quer confiar esse cargo importante a um belo santo... Mas se o senhor quer de verdade isto, eu hei de recusar a promoção, pois se seu fosse Arcebispo, nós deixaríamos de ser amigos; pois o senhor pediria coisas que eu nunca lhe concederia, e o ódio tomaria o lugar da amizade entre nós.

    Palavras proféticas, cujo alcance não discerniu Henrique II, pensando tratar-se de uma brincadeira. A influência real pesou fortemente na eleição, e os religiosos de Cantuária elegeram Tomás, ainda que esses últimos duvidassem se o candidato reunia as condições necessárias.
   Tomás Becket resistiu a princípio, mas a vontade do Rei e a insistência do legado pontifício terminaram por convencê-lo a aceitar o cargo. Ele se tornava assim o segundo homem mais importante da Inglaterra depois do Rei, já que Cantuária era a sede primacial da Inglaterra.


Disputa com o Poder Real.

  A partir do momento em que foi elevado ao mais alto posto da hierarquia inglesa, ocorreu com Tomás Becket o que os autores espirituais costumam chamar de “segunda conversão”, quer dizer, a passagem de uma vida cristâ “comum”, a uma vida cristâ fervorosa, onde se procura ardentemente a santidade, tornando-se esta busca a principal preocupação da existência. Tomás renunciou ao cargo de chanceler, deu adeus a todas as honras e luxos da vida passada, iniciando uma vida de austeridades e penitências, e também de grande caridade para com os pobres e enfermos. O que era antes defensor dos direitos da coroa, tornou-se um incansável defensor dos direitos da Igreja na Inglaterra. Assim, o conflito com a coroa era inevitável.
E porque?Durante toda a Idade Média, a Igreja teve que afrontar diversas tentativas de demolição do equilíbrio laboriosamente conseguido entre os poderes civil e eclesiástico. Este equilíbrio dependia em grande parte da fidelidade dos governantes aos compromissos assumidos diante da Igreja, mas também da correspondência dos próprios membros desta, que infelizmente esqueciam às vêzes de sua condição de consagrados para usufruir dos bens eclesiásticos como se fossem mundanos. E frequentemente acontecia que estes últimos se associassem aos primeiros, de modo que os pastores fiéis tinham que afrontar, além da prepotência dos governantes, a malícia ou fraqueza de seus próprios confrades.
    Henrique II era um desses reis que queriam pôr a Igreja a seu serviço, para poder dominar de maneira absoluta no seu reino. Logo no ano seguinte à sagração de Tomás Becket, em 1163, ele convocou uma assembléia de bispos e barões do reino, em Westminster, onde ele insistiu para que se abolisse ou se diminuisse o privilegium fori (direito dos clérigos de serem julgados somente por um tribunal eclesiástico), ao que o Arcebispo de Cantuária reagiu, unindo em torno de si a maior parte dos Bispos. Chegou-se a um acordo que não era suficiante para satisfazer as ambições do monarca inglês. Este procurou então dividir os Bispos, desterrou alguns amigos do Primaz, e divulgou cartas falsificadas do Papa que pareciam justificar suas pretensões.
   No ano seguinte, mais fortalecido, Henrique II reuniu uma outra assembléia, em Clarendon, onde logrou sancionar 16 artigos que continham os chamados “antigos costumes” do reino; na verdade, tratava-se de um conjunto de medidas que iam muito além da mera abolição do privilegium fori ; elas levariam à perda da liberdade da Igreja em todo o reino, pois estabeleciam a jurisdição civil sobre todas as pessoas e coisas eclesiásticas, coisa inteiramente nova naquele tempo. Já minados, os Bispos aceitaram os artigos, e mesmo Tomás teve a fraqueza de condescender com o Rei, embora não tenha posto o seu sêlo sobre esse acôrdo. Deu-se logo depois conta de seu êrro, impôs-se uma espécie de suspensão, abstendo-se de celebrar Santa Missa, até que o Papa Alexandre III lhe desculpou, alegando que ele tinha agido de boa-fé.
   Enquanto isso, o ardiloso Henrique II escreveu ao Papa pedindo a aprovação dos artigos de Clarendon, e também a dignidade de legado para toda a Inglaterra para o Arcebispo de York (submisso a Henrique II e inimigo de Tomás), que com isso tornar-se-ia superior a Tomás. Mas Alexandre III recusou-se a fazer a vontade do Rei nestas duas coisas. Henrique II, que era terrivelmente irascível, voltou sua raiva contra Tomás de Cantuária, atribuindo-lhe a recusa papal. Seguiram-se diversas perseguições reais, Tomás tentou fugir uma vez da Inglaterra, mas uma tormenta marítima o impediu. Foi convocado ao Concílio de Northampton, para responder a acusações de desprezo para com a pessoa do Rei, Demonstrou a inconsistência da acusação, mas foi condenado à perda dos bens e multas. Já então ele fôra abandonado pelos outros Bispos ingleses.
Mas nem a perseguição, nem o isolamento quebrantaram seu ânimo, fortalecido que estava pela oração e penitência. Convocado a juízo em 13 de outubro de 1164, apresentou-se diante dos Bispos, dos Barões e do próprio Rei levando diante de si a cruz arquiepiscopal, o que causou grande intimidação. Mas terminou sendo hostilizado pelos seus irmãos no episcopado e injuriado pelos grandes do reino. Por outro lado, a multidão que estava fora o recebeu com admiração. Aconselhado por amigos, Tomás dessa vez conseguiu fugir da Inglaterra, indo parar na cidade de Sens, onde se encontrava o soberano pontífice Alexandro III. Henrique II exigiu o desterro de Tomás, mas o Rei da França, Luís VII, recusou-se a isto.
   O Arcebispo renunciou a seu Primado junto ao Papa, mas este o confirmou na sua dignidade, condenando 10 dos 16 artigos de Clarendon. O Papa indicou-lhe também o mosteiro de Pontigny, na Borgonha, onde Tomás passaria algum tempo até que o litígio se acalmasse.
   A vida monástica serviu para robustecer ainda mais as convicções do Arcebispo. As notícias que chegavam revelavam-lhe o triste estado da Igreja na Inglaterra, cada vez mais perseguida e sujeita ao arbítrio de Henrique. Em meados de 1166 subiu ao púlpito em Vezelay, falou ao povo sobre a contenda, excomungou os ministros do Rei que favoreciam suas violências, condenou os artigos de Clarendon, desligando os Bispos da promessa feita de observá-los.
   Este ato de coragem surtiu efeito; Henrique temeu reações da parte da França (Henrique era vassalo de Luís, e possuía muitas terras no outro lado do Canal da Mancha). Por outro lado, o Papa Alexandre III estava às voltas com um antipapa, o que lhe impedia de tomar medidas mais enérgicas (Henrique II poderia acabar apoiando o antipapa, arrastando a Inglaterra ao cisma). Em 1169, foi feita uma tentativa de reconciliação em Montimirail, onde se encontraram os reis da França e da Inglaterra, mais o Arcebispo de Cantuária e os enviados do Papa. O santo Arcebispo chegou a se humiliar atirando-se aos pés do monarca, declarando que cederia em tudo por amor à paz, contanto que se salvaguardasse a honra divina.   Isto bastou para abortar toda tentativa de paz. Mesmo Luís VII se mostrou contrariado, e retirou as ajudas que dava a Tomás, que passou a viver das esmolas dos sacerdotes e do povo, que sempre o admirava devido à sua firmeza e humildade. Henrique II tentou de tudo para desacreditar o Arcebispo de Cantuária junto ao Papa, oferecendo-lhe tanto dinheiro que com isto ele poderia acabar com o cisma e retomar todos os estados da Igreja. Mas Alexandre III recusou-se absolutamente a abandonar o mais fiel defensor dos direitos da Igreja.
No ano seguinte, 1170, nova contenda. Henrique II fez coroar de maneira ilegal seu filho, o mesmo que tinha sido educado por Tomás. O privilégio de coroamento pertencia ao Arcebispo de Cantuária, mas foi o Arcebispo de York que coroou o filho de Henrique II. Para piorar as coisas, a esposa deste, Margarida, filha do rei francês, não foi coroada. Irado, Luís VII invadiu a Normandia (que naquele tempo pertencia ao reino inglês). Após as querelas, conseguiu-se uma trégua, na qual se estabelecia um novo coroamento, desta vez na forma devida. Portanto, caberia ao Arcebispo de Cantuária o direito de coroar. Henrique II necessitava de uma reconciliação.
    No dia 22 de julho de 1170, perto de la Ferte Villeneuve, houve uma nova reunião entre o santo Arcebispo e o Rei, que desta vez estava em melhores disposições, ao menos aparentemente. Henrique II aceitou conceder tudo o que Tomás lhe pedia, a paz, a segurança, a devolução das propriedades da Igreja, a satisfação das injúrias. Quis mesmo pagar a viagem de volta de Tomás, que retornou finalmente à sua diocese.

O martírio

   Infelizmente, a paz era mais aparente que real. Tomás logo constatou que o Rei não cumpria suas promessas. O Arcebispo encontrou sua diocese em péssimo estado, com as propriedades dilapidadas, e suas rendas embargadas pelo poder real, mesmo depois da reconciliação. O filho de Henrique II recusou-se terminantemente a recebê-lo. Funcionários do reino exigiam que ele retirasse a excomunhão fulminada quando ele ainda estava na França. Os partidários do Rei, incluindo eclesiásticos, continuavam semeando a discórdia entre o Arcebispo e o Rei. A crise final veio quando Tomás pronunciou a sentença de excomunhão contra os Arcebispos de York, Londres, Salisbury e Rochester, que tinham coroado o filho de Henrique II (os três últimos como assistentes), violando assim os direitos da Sé de Cantuária.

- Nunca haverá paz na Inglaterra enquanto Tomás estiver vivo! – exclamou o Arcebispo de York diante de Henrique II. A aplicação do direito eclesiástico vigente era considerada uma provocação.

Henrique II, em mais uma de suas crises de cólera, lamentou-se amargamente:

- Eu sustento e favoreço em meu reino homens tão miseráveis e covardes, que toleram vergonhosamente ofensas que um clérigo plebeu faz a seu senhor.
Foi então que quatro cavaleiros (Reginaldo Fitz Urse, Guilherme de Tracy, Hugo de Moreville e e Ricardo Brito), juraram a morte de Tomás, e rapidamente se dirigiram a Cantuária a fim de consumar o crime.
No dia 29 de dezembro de 1170, esses homens entraram nos aposentos do Arcebispo, sentando-se ali sem saudar-lhe. Depois exigiram com ameaças a absolvição dos prelados excomungados. Com tranquilidade, o Arcebispo respondeu:

- O papa excomungou o Arcebispo de York, e só ele pode o absolver. Quanto aos demais Bispos, eu os absolverei desde que eles prestem o juramento de costume. Mesmo que todas as espadas da Inglaterra ameaçassem minha cabeça, não me intimidariam, e sempre me achariam de pé firme na luta por Deus.
- Faremos mais que ameaçar. – Respondeu Urse, e com isso todos se afastaream para pegar em armas.
Aproveitando a saída dos cavaleiros, facharam-se as portas do castelo, mas os sicários começaram a arrombá-las. Tomás, sempre tranquilo, anuiu aos rogos dos monges para que se refugiasse na igreja, Era a hora de rezar Vésperas. Queriam fechar as portas da igreja, mas Tomás lhes proibiu. Os cavaleiros, armados e com as espadas desenbainhadas, penetraram então no templo, aos gritos:

- Onde está o Arcebispo ?! Onde está o traidor?!

Tomás exclamou:
- Aqui estou eu, o Bispo, porém não o traidor!
E recusando mis uma vez submeter-se às exigências ímpias dos assassinos, pereceu a golpes de espada (o clérigo Eduardo Grim, que tentou defendê-lo, terminou com o braço cortado). Suas últimas palavras foram a célebre exclamação do Salvador antes de morrer: “Senhor em vossas mãos entrego o meu espírito”. Os assassinos terminaramm seu crime saqueando o palácio arquiepiscopal.
Ao tomar conhecimento do ocorrido, Henrique II, que estava na Normandia, deu-se conta das consequências horríveis de sua ira; ele se fechou durante vários dias nos seus aposentos, parecendo estar com o juízo alterado. Mas terminou pedindo perdão e se reconciliando com o Papa. Ele também anulou os estatutos de Clarendon, causa maior de toda a contenda entre os poderes eclesiástico e civil.
O santo começou logo a receber as homenagens do povo. A canonização veio em 1172, pelo próprio Papa Alexandre III, um ano antes da canonização de São Bernardo. Antes do fim do século XII já havia templos deste santo até na Espanha. E em 1174, o próprio Henrique II se dirigiu ao sepulcro do santo como peregrino.
A tumba de São Tomás Becket seguiu sendo honrada pelo povo inglês, até que, em 1538, um outro perseguidor da Igreja, que infelizmente não se converteu, Henrique VIII, ordenou a profanação desta.
A memória de São Tomás Becket é honrada no calendário romano trdicional no dia 29 de dezembro, no Ofício Divino (Laudes), e na Missa lida ou conventual.

Intróito/  Ps. 32, 1.
Regozijemo-nos todos no Senhor ao celebrarmos este dia de festa em honra do Bem-aventurado Mártir Tomé. Os anjos se regozijam em sua paixão e fazem dela um glorioso Filho de Deus.Justos, regozijem-se no Senhor; o louvor é adequado aos retos.V /. Glória Patri.

Coleta
Ó Deus, por cuja Igreja o glorioso Pontífice Tomé caiu sob a espada dos ímpios; Concede-nos, te imploramos, que todos os que imploram sua ajuda experimentem o efeito salutar de suas súplicas.

Leitura da Epístola

Hebreus 5,1-6
"1.Em verdade, todo pontífice é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.""2.Sabe compadecer-se dos que estão na ignorância e no erro, porque também ele está cercado de fraqueza. 3.Por isso, ele deve oferecer sacrifícios tanto pelos próprios pecados quanto pelos pecados do povo. 4.Ninguém se apropria desta honra, senão somente aquele que é chamado por Deus, como Aarão. 5.Assim também Cristo não se atribuiu a si mesmo a glória de ser pontífice. Esta lhe foi dada por aquele que lhe disse: "6.como também diz em outra passagem: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Mel­quisedec (Sl 109,4)."

Gradual/ . Ecli. 44, 16 V / .Ib., 20.
Aqui está o grande Pontífice que durante os dias de sua vida agradou a Deus.Ninguém foi achado como ele guardando a lei do Altíssimo.

Aleluia, aleluia/V/.João. 10, 14.
Eu sou o bom pastor e conheço minhas ovelhas e minhas ovelhas me conhecem. Aleluia. 

Sequência do Santo Evangelho

São João 10, 11-16
"11.Eu sou o bom-pastor. O bom-pastor expõe a sua vida pelas ovelhas.* 12.O mercenário, porém, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; o lobo rouba e dispersa as ovelhas. 13.O mercenário, porém, foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. 14.Eu sou o bom-pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, 15.como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. 16.Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor.*"

Credo

Ofertório/ Salmos 20, 4-5.
Senhor colocou uma coroa de pedras preciosas em sua cabeça; Ele pediu a vida e vós deu a Ele. Aleluia.

Secreta
Santifica, Senhor, os dons que te são oferecidos, e como o Beato Tomé, teu Mártir e Pontífice, intercede por nós, olha para nós nesta ocasião com paz e bondade.
Comemoração da Oitava da Natividade. Secreta.Santifica estas ofertas, Senhor, pelo novo nascimento de teu Filho unigênito, e nos purifica das contaminações de nossos pecados.

Prefácio à Natividade
 
Comunhão/ João 10, 14.
Eu Sou o Bom Pastor e conheço minhas ovelhas e minhas ovelhas me conhecem.(Quem não pode comungar em especie, fazer comunhão espiritual)

Nosso Senhor Jesus Cristo numa aparição revelou a sóror Paula Maresca, fundadora do convento de Sta. Catarina de Sena de Nápoles, como se refere na sua vida, e lhe mostrou dois vasos preciosos, um de ouro e outro de prata, dizendo-lhe que conservava no vaso de ouro suas comunhões sacramentais e no de prata as espirituais. As espirituais com dependência exclusiva da piedade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que alimentais nossa alma na solidão do coração.
“Meu Jesus, eu creio que estais realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós” (Santo Afonso Maria de Liguori)
 
Depois da comunhão.
Que esta comunhão, Senhor, nos purifique de todo pecado e, por intercessão do Bem-aventurado Tomé, seu Mártir e Pontífice, nos torne participantes do remédio celestial.
Comemoração da Oitava da Natividade. Pós-comunhão.
O Deus Todo-Poderoso, o Salvador do mundo, que nasceu hoje, nos trouxe à vida divina. Nós imploramos que você nos conceda o presente da imortalidade também.Concede, ó Senhor, que em virtude deste mistério sagrado, nossas faltas sejam apagadas e nossos justos desejos realizados.

Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário

Sobre a declaração Fiducia Supplicans, por Dom Tomás de Aquino

 

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PAX


Sobre a declaração Fiducia Supplicans


Em união com Dom Lefebvre e sua declaração de 21 de novembro de 1974, também nós aderimos de todo coração e com toda a nossa alma à Roma católica, guardiã da católica e das tradições necessárias à manutenção desta fé, ou seja, à Roma eterna, mestra de sabedoria e de verdade.


Pelo contrário, declarava Dom Lefebvre, negamo-nos, e sempre nos temos negado, a seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante, que se manifestou no Concílio Vaticano II e, depois do Concílio, em todas as reformas que dele surgiram.


Isso indica nossa posição diante de mais um fruto desta Roma de tendência neomodernista e neoprotestante. Que bênção é essa? Como induzir os que estão no pecado a pensar que Deus possa abençoar o seu abominável pecado? Uma penitência, uma absolvição seguida de conversão verdadeira, tudo o que possa conduzir a isso é salutar. Mas é o que se constata nessa bênção ambígua e hipócrita? Não. O que se constata é a constante agravação do mal e a perda das almas.


Enquanto não voltar à cátedra de Pedro um Papa inteiramente fiel à Tradição, não podemos receber o que vem da Roma atual como se viesse da Roma eterna. Devemos escutar e pôr em prática o conselho deixado por Dom Lefebvre: “É um dever estrito, para todo padre que queira permanecer católico, separar-se desta Igreja Conciliar, enquanto ela não reencontrar o caminho da Tradição do Magistério e da Católica”. Sim, devemos nos separar espiritualmente do Papa Francisco, embora o reconheçamos como Papa. Um Papa que não age como o Bom Pastor.


Tudo o que a Igreja Conciliar faz está viciado pelos falsos princípios da Nova Teologia condenada por Pio XII mas adotada pelo Vaticano II. Isto se constata em todos os Papas conciliares, de João XXIII a Francisco.


Negamo-nos a beber desta fonte envenenada que nos oferece a Igreja Conciliar, que tantos males causou e certamente causará ainda à Igreja até a vinda de um Papa verdadeiramente católico. Que Nossa Senhora, que venceu todas as heresias, obtenha à Igreja de ver em breve este Papa.



+ Tomás de Aquino, OSB


 

Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário.