quarta-feira, 17 de julho de 2019

Comentários Eleison – por Dom Williamson Número DCXXII (622)- (15 de junho de 2019)

"PROMETEO" - I 

Novo Humanismo? Erros tão antigos como as montanhas,
Mas, na Igreja, causando males jamais vistos.

O Vaticano II foi um desastre para a Igreja Católica. Para o futuro da mesma Igreja, é essencial que os católicos que desejam salvar suas almas vejam por que ele foi um desastre. O Pe. Álvaro Calderón, professor de Filosofia e Teologia tomistas no Seminário da Fraternidade Sacerdotal São Pio X em La Reja, na Argentina, escreveu há dez anos um livro que prova que o Vaticano II, desde dentro da Igreja, substituiu a religião de Deus pela religião do homem. A primeira das quatro partes do livro, para explicar o que foi o Vaticano II, começa com uma definição de três partes: foi a oficialização de um humanismo disfarçado de catolicismo.

Primeiramente, foi um humanismo, isto é, uma glorificação do homem em detrimento de Deus. A Idade Média foi seguida por uma série de humanismos, como o Renascimento, a Reforma e a Revolução Francesa, mas todas as vezes o humanismo pereceu, diz Calderón, porque rompeu com a Igreja Católica. Qual o resultado final? Duas guerras mundiais. Mas desta vez seriam os próprios clérigos que criariam o novo humanismo para encaixar-se com a Igreja Católica. Daí a oficialização sem precedentes do Vaticano II do que sempre foi um grave erro denunciado pela Igreja, mas desta vez os clérigos souberam como fazê-lo parecer católico. Assim, eles alcançariam o mundo moderno centrado no homem com seu novo humanismo, mas ao mesmo tempo estavam decididos a permanecer dentro da Igreja, supostamente para salvar tanto o homem moderno de seu ateísmo como a Igreja moderna de seu isolamento estéril. Na melhor das hipóteses, os clérigos do Vaticano II tinham boas intenções; e na pior das hipóteses sabiam que sua nova reconciliação de forças opostas não funcionaria, exceto para destruir a Igreja; mas isso é o que os piores dentre eles queriam.

Então, por que a nova reconciliação não funcionaria? Porque Paulo VI queria um novohumanismo: nem não humanamente orientado para Deus, como na Idade Média, nem reagindo excessivamente contra Ele como nos tempos modernos, mas um novo equilíbrio entre os dois excessos que mostraria que a maior glória de Deus coincide com a glória do homem. Por exemplo, o homem é a maior criação do seu Criador, e, portanto, glorificar o homem é também glorificar a Deus. E o homem é à imagem de Deus sendo livre, de modo que quanto mais livre ele é, mais ele glorifica a Deus. Portanto, promover a dignidade humana e a liberdade é glorificar não só o homem, mas também a Deus. No entanto, se alguém começa com a glória do homem, quem não pode ver o risco de deslizar de volta para a glória do homem? Ademais, Deus é o único e exclusivo Ser Perfeito, que não pode, portanto, precisar ou desejar algo fora de Sua própria glória intrínseca. Apenas secundariamente, para sua glória extrínseca, Ele pode querer ou desejar a bondade de qualquer criatura fora da Sua própria. Portanto, a verdade é que tanto Deus como o homem estão principalmente orientados para Deus, e Deus só pode ser secundariamente orientado para o homem.

Mas aqui estão algumas citações do documento do Vaticano II, Gaudium et Spes: “O homem é o centro e o cume de todas as coisas na terra... senhor e governador de toda a criação” (nº 12) – não é antes Deus? “O amor a Deus e ao próximo é o primeiro mandamento” (nº 24) – o próximo realmente aparece no primeiro mandamento? “O homem é a única criatura amada por Deus por si mesmo” (nº 24) – pelo homem em si mesmo? O desvio é grave, mas sutil, e nos próprios textos do Concílio é mais implícito do que explícito, mas aparece mais claramente no ensinamento da Igreja depois do Concílio, como, por exemplo, no Novo Catecismo (por exemplo, 293, 294, 299). De fato, diz o padre Calderón, o Concílio coloca o homem no trono da Criação, e Deus a seu serviço.

Da mesma forma, o Vaticano II vira a autoridade de ponta-cabeça. O humanismo está sempre contra a autoridade, mas o Novo Humanismo deve parecer católico, e por isso deve procurar um modo diferente para a autoridade de Cristo reinar na Igreja e no mundo modernos. Mas Cristo disse que veio para servir (Mt. XXV, 25-28). Assim, a neo-hierarquia se faria democrática de cima a baixo para servir ao homem moderno de uma maneira que ele entenda. Mas em que parte da neo-hierarquia estará a autoridade de Deus para elevar os homens ao Céu? Ela se dissolverá, e com a autoridade dissolvida na Igreja, a autoridade se dissolverá em toda parte, como vemos à nossa volta neste ano de 2019.

A Parte II do P. Calderón será o Novo Homem do Vaticano II; a Parte III, a Nova Igreja; e a Parte IV, a Nova Religião.

Kyrie eleison.
Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo.