DESCANSE EM PAZ, PAUL AULAGNIER
Pelo Padre Paul nós desfrutamos hoje de nossa Fé,
Por seu eterno descanso, rezemos todos.
Há três semanas morreu na França um ex-sacerdote da Fraternidade com quem todos temos uma imensa dívida, porque foi durante vários anos um apoio decisivo para o Arcebispo Lefebvre na fundação e construção da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Creio que o Padre Paulo Aulagnier (1943–2021) nunca foi tão feliz como durante aqueles anos, porque a doutrina do Arcebispo era tão fiel, e sua liderança tão humana, que o padre Aulagnier se sentia inspirado para agir de maneira profundamente católica, o que já não era mais tão fácil para muitos de nós quando o excepcional Arcebispo morreu em 1991. Na verdade, o Pe. Aulagnier se separou da Fraternidade em 2003, e pode ser que tenha continuado a servir a Tradição Católica de várias formas depois disso, mas ele certamente sentia falta de seu venerado e querido Arcebispo.
A vocação do Pe. Aulagnier começou no prestigioso Seminário Francês de Roma, justamente quando estava sendo abalada profundamente, logo após o desastroso Concílio Vaticano II. Vários seminaristas fugiram em busca de refúgio católico no Seminário que o Arcebispo tentava montar em Friburgo, na Suíça; mas devido àqueles tempos de tormenta teve um começo difícil, e o Arcebispo depois de um primeiro ano esteve prestes a desistir. Foi aqui que os seminaristas Aulagnier e Tissier entraram na História da Igreja persuadindo juntos o Arcebispo a perseverar. Chegaram então muito mais vocações, e daí em diante o Seminário floresceu, por meio do qual, naqueles anos sombrios, o Arcebispo salvaria para dias melhores a Tradição Católica: a doutrina, a Missa, os sacramentos, o sacerdócio – onde estariam hoje se não tivesse havido Écône? Eis a maior dívida que temos para com o Pe. Aulagnier e para com Dom Tissier.
Tendo chegado ao Arcebispo em 1969, foi por ele ordenado sacerdote em 1971, e foi seu braço direito como Primeiro Assistente da Fraternidade de 1973 a 1982 e como Superior do Distrito da França de 1976 a 1994, 18 anos pelos quais viajou constantemente por toda a França para construir com o Arcebispo a rede de priorados, escolas, conventos e outras obras que têm sido a base da presença e influência da Fraternidade na França até os dias de hoje. Aqui, dir-se-ia que ele estava no seu momento mais feliz e frutífero, levando bom senso e bom ânimo às almas em todas as direções.
O Pe. Aulagnier também não fez apenas receber do Arcebispo. Em 1970, ele o encorajou a fundar o Seminário sacerdotal de Écône e a Fraternidade para enquadrar o apostolado dos sacerdotes que seriam ordenados, e previsivelmente recusou qualquer estrutura para seu ministério pela Igreja oficial, já então entregue à religião conciliar. E foi assim que aconteceu.
Em 1976, quando o Arcebispo estava às vésperas da histórica ordenação do primeiro importante contingente de sacerdotes de Écône, foi à porta do Pe. Aulagnier que ele bateu em um momento de hesitação antes de finalmente tomar esta ação decisiva, e foi pelo incentivo do Pe. Aulagnier que finalmente tomou a decisão. Novamente, onde o sacerdócio e a Igreja estariam hoje se algum dos dois tivesse vacilado?
E no final de maio de 1988, quando o Arcebispo reuniu no centro da França um grande número dos principais defensores da Tradição Católica, padres e Irmãs, para deliberar se deveria prosseguir em junho com a consagração de Bispos para a Tradição sem a permissão oficial de Roma, as Irmãs se mostraram valentes como um homem (sic), mas quase todos os padres o aconselharam a retroceder, exceto o Pe. Aulagnier, que disse: “A filosofia e a teologia de Roma não são mais católicas... Tenho medo do acordo que eles nos estão oferecendo... Temo a astúcia romana... corremos o risco de ser devorados pela Roma modernista". Ele então tinha razão. E segue hoje tendo razão.
Prezado Pe. Aulagnier, nossos imensos agradecimentos! Que descanse em paz, e que a sua seja uma grande recompensa!
Kyrie eleison.