terça-feira, 23 de novembro de 2021

Comentários Eleison: A SOLUÇÃO DE JÓ Por Dom Williamson Número DCCLIV (754) – 25 de dezembro de 2021


A SOLUÇÃO DE JÓ


Se as almas devem morrer aos milhões para serem salvas,

Que assim seja – a humanidade covid é depravada.


Depois que os três primeiros capítulos do Livro de Jó estabeleceram o problema do sofrimento das almas que parecem inocentes, nos 34 capítulos seguintes, em uma discussão entre Jó e quatro de seus amigos, surgiram três soluções: Elifaz, Bildade e Sofar disseram que o sofrimento é sempre um castigo, Eliú disse que também pode ser uma advertência, e o próprio Jó disse que é um mistério impenetrável. Mas, no decorrer da discussão ele havia questionado mais de uma vez seu Criador, por Quem sua fé sabia que o sofrimento lhe havia chegado. E assim, embora a paciência de Jó fosse admirável – “o Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o Senhor” (I, 21) –, não era, no entanto, perfeita. Jó deu ao Deus Todo-Poderoso perguntas para responder.


Aqui estão elas: por que Deus dá vida às almas que anseiam amargamente pela morte (III, 20-21)? Por que Ele escolhe Jó para maltratá-lo (X, 2-3)? Por que Ele oculta Seu rosto de Jó e o trata como se fosse um inimigo (XIII, 23-24)? Por que aqueles que O conhecem nunca veem Seus dias (XXIV, 1–2)? E, finalmente, “Oh, se eu tivesse alguém que me ouvisse! (Aqui está a minha assinatura! Que o Todo-Poderoso me responda (XXXI, 35)!”) Jó é um homem “íntegro e reto” (I, 1), mas em seu sofrimento extremo não está isento de pedir contas ao Todo-Poderoso. Está claro que Jó não é um santo de gesso, mas um homem de carne e osso, com reações humanas.


No entanto, o Deus Todo-Poderoso conhece a virtude de Jó, e sabe que foi somente ela que o levou a ser posto à prova por Satanás, e, por isso, embora Ele não responda a ninguém e não precise dar uma resposta a Jó, Ele o fará, assim que Jó e seus quatro amigos se manifestarem (XXXVIII-XLI). Ora, não é a resposta que Jó ou nós mesmos poderíamos ter esperado, porque o Senhor Deus não responde diretamente a nenhuma das perguntas de Jó. Em vez disso, Ele apela à Sua própria e incomensurável majestade, infinitamente acima de todos os cálculos meramente humanos, em algumas das páginas mais sublimes de toda a Escritura, para Sua autorrevelação, e que faríamos bem em manter ao nosso lado, até que o Castigo de Deus ponha fim aos contrassensos da covid e a todo o sofrimento que desencadeará.


“Muito bem, Jó. Tu me interrogaste. Agora deixe-me interrogar-te (XXXVIII, 2). Onde estavas enquanto eu lançava os fundamentos da terra? Já ordenaste alguma vez a manhã ou indicaste à aurora seu lugar? Atas as constelações ou afrouxas os laços de Órion? Acaso conheces as leis dos céus? Dás ao cavalo sua força? É por tuas ordens que a águia voa alto? Pode teu braço igualar o braço de Deus, ou pode tua voz retumbar como a Sua? Se ninguém se atreve a provocar o crocodilo, quem tu achas que ousaria enfrentar-Me?...”


Sob o impacto destas perguntas e de muitas outras semelhantes, Jó tem a sabedoria de ceder (XL, 3–5): “Não sou ninguém, o que posso dizer? Não tenho mais nada que dizer”. Mas ele foi respondido: Deus está infinitamente acima dos pensamentos meramente humanos – Seus pensamentos não são os nossos, e nossos caminhos não são os Seus (Is. LV, 8–9). As perguntas de Jó podem não ter sido respondidas diretamente, mas a sede de Jó por algumas respostas foi afogada na inescrutável majestade de Deus. E Deus passa a advertir Jó contra o orgulho, como exemplificado em duas das criaturas mais orgulhosas de Deus entre Seus animais, o hipopótamo, Beemote (XL, 15-24), e o crocodilo, Leviatã (XLI). Jó humilha-se e admite que suas perguntas estavam fora de lugar – “...falei de coisas maravilhosas que me superam e as quais desconheço, sem compreendê-las... por isso eu me desprezo e me arrependo no pó e na cinza” (LII, 2–5).


Como última palavra em relação a todos os sofrimentos de Jó, Deus culpa os quatro amigos de Jó por sua ignorância e dureza para com ele, mas ao próprio Jó Ele devolve sua família e prosperidade, e muito mais do que antes (XLII, 7–17). Benditas são aquelas almas que nunca questionarão os propósitos ou planos de Deus em meio a todo o caos e toda a dor que se desprenderão do contrassenso da covid nos próximos anos. Podemos não saber o que estamos fazendo, mas Deus sabe desde a eternidade o que está fazendo: levando-nos para o Céu!

Kyrie eleison.

Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário