sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Comentários Eleison – por Dom Williamson Número DL (550) (27 de janeiro de 2018)

 
 Traduzido por Cristoph Klug
 
 
Um mundo desequilibrado, desarmonioso, triste,
Para alinhar as almas é necessário Mozart, sábio e alegre.

Entre as 18h da tarde da quinta-feira 23 de fevereiro e o meio-dia do domingo 25 de fevereiro, haverá na Casa Rainha dos Mártires em Broadstairs um modesto final de semana musical apresentando exclusivamente a música do famoso compositor austríaco do final do século XVIII, Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). Por que a música, quando o mesmo tempo e esforço poderiam ser gastos em algo mais diretamente religioso? E por que Mozart em particular?

Por que música? Porque a música é um dom de Deus para o mundo que Ele criou, uma expressão da harmonia no centro de Seu universo, ao qual todos os membros vivos desse universo respondem, não apenas os anjos e os seres humanos, mas até os animais e as plantas ao seu modo. Quanto às plantas, os pesquisadores do Colorado, nos EUA, construíram quatro caixas com medidas de luz, ar, umidade, solo e plantas idênticas em todas as quatro, e canalizaram para três delas cantos gregorianos ou música clássica ou rock, enquanto a quarta eles deixaram no silêncio. Com o rock, a planta cresceu mas murchou, com o gregoriano ela floresceu, com a música clássica e o silêncio, o resultado foi intermediário. Quanto aos animais, muitos vaqueiros colocam música calma em seus estábulos no momento da ordenha para aumentar a produção de leite, assim como nos supermercados colocam-se música tranquila para aumentar o volume de compras pelos clientes humanos. Surpreendente? Foi Deus quem a criou para nós, e não nós mesmos (Sl IC, 3); somos Suas criaturas com a parte harmoniosa que Ele projetou para que possamos brincar em Seu universo como um todo.

Para os seres humanos, a música é a linguagem suprema dada por Deus para o acesso à harmonia d’Ele, mesmo que, como Brahms, não se acredite em nenhum Deus. A música é, portanto, natural para os seres humanos, e tem uma enorme influência moral sobre eles, para o bem ou para o mal. À medida que a Madre Igreja recorre ao gregoriano e à polifonia para elevar as almas para o Céu, então o Demônio utiliza o Rock e todo tipo de música moderna para carregar as almas para o Inferno. “Diga-me qual é tua música, e eu te direi quem és”, diz o ditado. Quase todos os homens têm alguma música em si, e ai daquele que não tiver – diz Shakespeare (O Mercador de Veneza, V, 1):

“O homem que não tem a música em si
É feito para traições, estratagemas e pilhagens...
Que não se confie em um homem desses.
Ouça a música”.

Alguém pode dizer que o homem que não tem música dentro de si não é confiável porque está fora de sintonia com Deus.

E o mundo moderno está fora de sintonia com Deus, o que corresponde ao ruído deplorável que tantas vezes hoje se passa por música, e que as pessoas ainda gostam, porque a música é tão natural para o homem e penetra muito profundamente em sua alma. E esse ruído feio é o que há na alma de inúmeras pessoas que nos rodeiam, e através delas ele pode influenciar-nos e afastar-nos de Deus, se permitirmos isso. A questão é religiosa, afinal. Qualquer coisa profundamente humana está relacionada a Deus, e a música é sem dúvida profundamente humana.

Por outro lado, Mozart pertencia a um mundo muito mais saudável do que o nosso, e sua música corresponde a um momento especial de harmonia e equilíbrio entre a velha ordem e a emotividade moderna. Mozart é o músico dos músicos. Eis alguns dos testemunhos de músicos famosos: Tchaikovsky disse: “Encontro consolo e descanso na música de Mozart. Nela, ele expressa essa alegria de viver que fazia parte de seu temperamento são e saudável”; Schubert disse: “Que imagem de um mundo melhor que você nos deu, ó Mozart!”; Gounod disse: “Mozart, o Céu pródigo deu-lhe tudo, graça e força, abundância e moderação, equilíbrio perfeito”; Brahms disse: “É um verdadeiro prazer ver música tão brilhante e espontânea, expressa com a facilidade e a graça correspondentes”.

Mozart escreveu todos os tipos de música, mas destacam-se as suas óperas e os seus concertos para piano. Em Broadstairs não podemos executar as óperas, mas John Sullivan, que tocou a metade das sonatas de Beethoven aqui em 2016, pode facilmente administrar um feito similar com os concertos e sonatas para piano de Mozart. Avise-nos se você pretende vir, para que possamos ter uma ideia dos números. Não há ingressos para comprar. Mozart não tem preço!


Kyrie eleison.
Viva Cristo Rei e Maria Rainha.
Rezem todos os dias o Santo Rosário.