O Coração de Maria e a Igreja
A conversão da Rússia não somente se encaminha à conversão deste povo, senão que, apesar da sua modesta aparência, será um verdadeiro meio de cura para a crise interna da Igreja, que é uma crise de Fé.
Na aparição de julho, a Virgem Maria tinha anunciado: “se não, [Rússia] espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer...”. Na terceira parte do segredo faz-se menção a essa perseguição: “Vimos numa luz imensa que é Deus, algo semelhante a como se vêem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante, um Bispo vestido de Branco (tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre), vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal na mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus”.
Deus se serviu freqüentemente das perseguições para purificar a Igreja e renová-la: o sangue dos mártires é semente de cristãos. Mas não esqueçamos que diante dos sofrimentos que seus filhos terão que suportar, Maria nos dá o seu Coração como lugar de refúgio.
Jacinta foi talvez a que melhor compreendeu a relação que tinha a devoção ao Coração de Maria com o amor à Igreja e ao Santo Padre: “Em Jacinta se enraizou tanto amor pelo Santo Padre, que sempre oferecia um sacrifício a Jesus acrescentando: “É pelo Santo Padre”. A ele corresponde realizar esses desejos do Céu e ninguém mais pode substituí-lo. Irmã Lúcia, numa carta ao seu diretor espiritual, Padre Gonçalves, precisava: “Deus promete pôr fim à perseguição na Rússia se o Santo Padre se digna fazer, e ordena fazer igualmente aos bispos do mundo católico, um ato solene e público de reparação e de consagração aos Sacratíssimos Corações de Jesus e de Maria, e se Sua Santidade promete, mediante o fim desta perseguição, aprovar e recomendar a prática da devoção reparadora indicada mais acima”. A conclusão é simples: Deus quer salvar o mundo de hoje por meio de um verdadeiro ato de Fé da hierarquia católica.
A consagração da Rússia se converte desta maneira na solução para a restauração da fé católica na Igreja e no mundo. Os frutos provenientes de dita consagração serão magnificamente coroados pela intervenção da Virgem: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. A sua intervenção ficará patente: é uma graça que Deus pôs nas suas mãos, e somente por meio do seu Coração Imaculado a Igreja recuperará o seu esplendor. Por isso, apesar da profunda crise que estamos vivendo, conservamos uma esperança: o Coração de Maria.